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Síria investiga professora por entregar alunos ao regime de Assad

6 de fevereiro de 2025, às 14h26

Dra. Nahla Asaf Issa, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Damasco, investigada pelo Ministério de Educação Superior da Síria, em 5 de fevereiro de 2025 [Redes sociais/Reprodução/X]

O Ministério de Educação Superior da Síria suspendeu na quarta-feira (5) a Dra. Nahla Asaf Issa, professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Damasco, sob acusações de entregar estudantes aos serviços de repressão da ditadura destituída de Bashar al-Assad.

Issa foi submetida a uma investigação após estudantes protestarem por sua demissão, ao acusá-la de “envolvimento na delação de mais de 200 alunos, homens e mulheres, aos ramos de segurança do regime, com base em acusações sem base”.

Conforme fontes do Ministério de Comunicação da nova administração síria, a decisão foi tomada após queixas documentadas de membros da universidade, desde a fuga de Assad à Rússia, em 8 de dezembro, encerrando cinco décadas de ditadura.

Segundo as informações, graduandos da Faculdade de Comunicação trabalharam para compilar evidências e expor Issa por seu papel ativo no desaparecimento e na captura de dezenas de alunos do campus.

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Tamer Turkmani, ativista de direitos humanos, comentou: “[Issa] deixou as digitais na prisão de aproximadamente 200 estudantes das Faculdades de Comunicação e Artes, na Universidade de Damasco, desde o início da revolução”.

“Ela imputava terror em todos os estudantes livres da universidade”, indicou Turkmani. “Muitos de seus estudantes foram presos ainda nos corredores, invadidos por agentes de segurança. Depois de tudo isso, voltou despudoradamente ao curso, para trabalhar normalmente, apesar de ser conhecida como uma das principais instigadoras da morte de estudantes nas áreas sob controle do defunto regime”.

A revolução na Síria teve início em 2011, avançando a guerra civil após Assad reprimir com particular brutalidade protestos populares por democracia. Centenas de milhares foram mortos e milhões deslocados à força, sobretudo ao exterior.

Assad fugiu a Moscou em dezembro, sob uma ofensiva relâmpago da oposição.

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