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Sharaa promete retomar relação Síria–EUA, mas nega contato com Trump

Novo presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, em Damasco, em 11 de janeiro de 2025 [Escritório de Relações Exteriores da Síria/Divulgação/Agência Anadolu]

O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, afirmou que seu governo pretende retomar laços com os Estados Unidos a partir dos próximos dias, embora não tenha conduzido, até então, qualquer contato com a administração de Donald Trump.

Suas declarações foram feitas em entrevista à revista americana The Economist, menos de uma semana depois de Sharaa ser nomeado oficialmente presidente da Síria para o período transicional, após a destituição de Bashar al-Assad, em dezembro.

Sharaa observou que tropas americanas permanecem na Síria sem aval do governo e que é preciso chegar a um acordo sobre a matéria. Além disso, descreveu as sanções ocidentais como “a maior ameaça” ao país.

“Creio que o presidente Trump busca paz na região e é prioridade máxima suspender as sanções”, disse Sharaa. “Os Estados Unidos não têm qualquer interesse em manter as condições de sofrimento do povo sírio”.

Sharaa liderou o grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), dissidência da Al Qaeda, no avanço relâmpago da oposição síria, que culminou na fuga de Assad a Moscou, em 8 de dezembro, encerrando décadas de ditadura do partido Baath.

A Síria permanece sob sanções há anos, impostas por Estados Unidos e aliados que buscavam isolar Assad e seus parceiros regionais, incluindo o Irã.

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Em janeiro, a gestão em fim de mandato do presidente americano Joe Biden deferiu a isenção de sanções a transações com instituições do Estado sírio por seis meses, após uma viagem de diplomatas americanos a Damasco.

Os Estados Unidos, contudo, não rescindiram a designação do HTS como “entidade terrorista”, muito embora o grupo tenha cortado relações com a Al Qaeda em 2016, buscando uma abordagem mais moderada de legitimação política.

Desde 2012 — cerca de um ano depois de eclodir a guerra civil na Síria, após o regime assadista reprimir com violência protestos populares por democracia —, a embaixada americana em Damasco permanece de portas fechadas.

Designação de terrorista ‘não tem sentido’

Para Sharaa, a designação do HTS como entidade terrorista “se tornou sem sentido”, em particular, após a organização síria dissolver todas as suas facções armadas, que combateram Assad.

Os Estados Unidos mantêm tropas na Síria há uma década, em particular nas regiões norte e nordeste, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico (Daesh).

“Diante do novo Estado, creio que toda presença militar ilegal deve ser descontinuada”, destacou Sharaa. “A presença militar estrangeira em um Estado soberano deve ocorrer apenas sob certos acordos e não nenhum acordo do tipo entre as partes”.

Sharaa confirmou ainda que sua gestão está “reavaliando a presença militar da Rússia” — aliada de Assad durante a guerra civil. Moscou, a fim de manter suas bases navais e aéreas na Síria, enviou um oficial a Damasco na última semana”.

“Podemos chegar ou não a um acordo”, observou Sharaa. “De todo modo, a presença militar de um país terceiro deve ocorrer somente sob acordo com o Estado anfitrião”.

Questionado sobre chances de normalização com Israel, Sharaa insistiu “buscar a paz”, mas afirmou se tratar de uma pauta sensível devido às guerras regionais e à ocupação ilegal israelense nas colinas de Golã, território da Síria.

“Temos muitas prioridades diante de nós, então é muito cedo para discutir algo que demanda debate público bastante abrangente”, insistiu o político. “Requer também uma série de procedimentos e leis e, para ser franco, sequer consideramos isso até então”.

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