clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Comandante israelense instiga ‘genocídio’ no Líbano, denuncia subordinado

28 de agosto de 2024, às 21h39

Soldados israelenses no colonato de Kiryat Shmona, na fronteira com o Líbano, em 31 de outubro de 2023 [Jalaa Marey/AFP via Getty Images]

Um comandante de brigada do exército de Israel encorajou seus soldados a cometerem “genocídio” no Líbano, reportou uma oficial militar do setor de saúde mental, segundo informações da agência de notícias Anadolu.

Adi Engert, oficial das Brigadas Alexandroni, causou furor ao postar a denúncia na rede social X (Twitter) na noite de segunda-feira (27). Mais tarde, deletou a postagem.

Segundo Engert, o novo comandante do batalhão israelense — conhecido por chacinas contra comunidades palestinas —, coronel Moshe Pesel “expressou desejo de que seus combatentes cometam genocídio” em uma eventual invasão ao Líbano.

“Aldeias libanesas se tornarão ermas; estradas, instransponíveis”, disse Pesel, conforme a denúncia, em memorando a seus soldados.

De acordo com a imprensa israelense, Engert confirmou que, após assumir o comando, Pesel enviou uma mensagem às tropas: “Um novo chefe se juntou às brigadas. E, para começar, quero que meus combatentes cometam genocídio”.

LEIA: O Líbano é um alvo de “israel”?

Engert anexou o comentário à postagem, cujos prints continuam a circular apesar da remoção do X.

Segundo a emissora de televisão israelense Canal 12, agentes das Brigadas Alexandroni permanecem há de 200 dias em situação de reserva na fronteira com o Líbano, desde a deflagração da campanha em Gaza.

Após viralizar a postagem, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich — ativista colonial notório por declarações supremacistas — reivindicou ações contra Engert, sem mencionar as declarações de intento do novo comandante.

No domingo (25), aeronaves israelenses lançaram 40 ataques contra o sul do Líbano, na maior bateria de disparos transfronteiriços desde o início das hostilidades entre Israel e o grupo Hezbollah, ligado a Teerã.

Israel afirmou que os ataques teriam caráter “preventivo”, ao antecipar uma bateria de foguetes do Hezbollah.

O movimento libanês, de fato, lançou centenas de mísseis e foguetes após a agressão. Em seguida, anunciou o que caracterizou como “primeira fase” de sua resposta à morte de seu comandante, Fuad Shukr, em um bombardeio israelense a Beirute.

LEIA: Líbano tem apenas três meses de medicamentos em caso de guerra, alerta ministro

Israel e Hezbollah trocam disparos desde outubro, no contexto do genocídio israelense em Gaza, deixando 40 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados entre os palestinos locais.

Gaza permanece sob escombros: hospitais, escolas e abrigos não foram poupados.

Entre as fatalidades, ao menos 16.400 mil são crianças.

Israel ignora ainda medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Há receios de propagação da guerra.