Congresso dos EUA proíbem canto ‘Palestina Livre do Rio ao Mar’

Na última quarta-feira, 17 de abril de 2024, o Congresso dos Estados Unidos da América votou pela condenação do grito “Palestina Livre do Rio ao Mar” como suposto discurso de ódio de cunho “antissemita”. A resolução, identificada como H.RES. 883, foi aprovada com uma maioria expressiva de 377 votos a favor e apenas 44 votos contra. Dos representantes republicanos, apenas Thomas Massie, do Kentucky, optou por votar contra, citando motivos constitucionais. Os outros 43 votos contrários foram emitidos pela ala “progressista” dos Democratas. 

“Nossa resolução deixa claro que o slogan ‘do rio ao mar, a Palestina será livre’ é antissemita e apela à erradicação total do Estado judeu e democrático de Israel [sic] e à aniquilação do povo judeu [sic]”, disse o congressista Josh Gottheimer.

O documento, agora lei, começa com sua incoerência quanto ao uso do termo “antissemita”, considerando que os palestinos são originalmente árabes-semitas. Ao longo das cinco páginas a incoerência fica ainda maior, já que a retórica usada parece coma transcrição de uma discussão de estudantes do ensino fundamental — que, por um triz, não colocaram a mãe no meio.

A proposta, apresentada em 21 de novembro, após um mês de massacre, já teve grande parte de suas informações iniciais desmentidas tanto por Israel quanto pelos Estados Unidos.

LEIA: Cerca de 400 cadáveres em valas comuns de Gaza foram encontrados com provas de tortura

Entre os argumentos mais bizarros do texto estão:

De acordo com Gottheimer, coautor da proposta com Anthony D’Esposito e Jared Moskowitz, democrata da Flórida, o Congresso tem a responsabilidade de “condenar cantos repugnantes, divisivos e desumanizantes” e combater “o preconceito e o ódio”. Contudo, o que é ofensivo, repugnante, divisivo, desumanizantes e, além de tudo, puro ódio e preconceito é uma proposta como essa ser sugerida e aprovada como forma de lei.

O texto ainda cita o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, juntamente com Osama Bin Laden e Saddam Hussein, como se as políticas iranianas fossem equivalentes ou mesmo coniventes às dos dois últimos. A surpresa foi não mencionar Adolf Hitler.

LEIA: Após 76 anos de Nakba, bastam 24 horas para ONU ‘condenar’ o Irã

O que seria cômico, se não fosse trágico, é que a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos proíbe o Congresso de fazer leis que limitem a liberdade de expressão, imprensa ou reunião. Os Estados Unidos, portanto, não possuem leis de “discurso de ódio” ou bases legais para a censura governamental. Por esse motivo, a Ku Klux Klan (KKK) permanece ativa e operante no dito território livre e democrático do país. Embora a Constituição proclame o direito irrestrito à liberdade de opinião e expressão (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos), o governo mantém sua perseguição a Julian Assange — do rio ao mar.

A verdade é que todos conhecemos os motivos e os financiadores por trás dessa lei aprovada. Portanto, não há necessidade de repetir o mesmo em todos os nossos textos.

Segundo Gottheimer, a Liga Antidifamação (ADL) e o Comitê Judaico Americano registraram “quase 9.000 incidentes antissemitas” nos Estados Unidos em 2023, sobretudo depois de 7 de outubro. Gottheimer não mencionou que dos 9.000 incidentes supostamente antissemitas, nenhum resultou em agressão física ou mutilação, muito menos em mortes, diferente das dezenas de milhares de corpos soterrados na Palestina histórica.

Portanto, o que vale mencionar aqui é que:

Declaramos que o regime de ocupação sionista é um regime genocida que tem os Estados Unidos da América como seu cúmplice e principal financiador; portanto, continuaremos a gritar “Palestina livre do rio ao mar” por aqueles que foram silenciados, e gritaremos até que a Palestina, por fim, seja livre do rio ao mar.

LEIA: Cúmplice de genocídio: de onde Israel obtém suas armas?

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Sair da versão mobile