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Renomado intelectual crítica a censura acadêmica alemã após ser demitido por criticar Israel

Manifestantes se reúnem na Praça Alexanderplatz e marcham pelo centro da cidade para mostrar solidariedade aos palestinos e protestar contra os ataques contínuos de Israel em Berlim, Alemanha, em 27 de janeiro de 2024 [Halil Sagirkaya/Anadolu via Getty Images]

Ghassan Hage, um acadêmico de renome internacional, criticou as instituições acadêmicas alemãs por reprimirem as críticas a Israel, depois de ter sido repentinamente demitido por alegações de publicações antissemitas nas mídias sociais, informa a Agência Anadolu.

“O que para mim é uma crítica justa e intelectual de Israel, para eles é antissemitismo, de acordo com a lei na Alemanha”, disse ele em um comunicado na quinta-feira.

“Acho que o pseudofilosemitismo alemão é egoísta e, às vezes, racista, instrumentalizado para racializar os palestinos e, de modo mais geral, a comunidade árabe e muçulmana na Alemanha”, enfatizou.

O cientista libanês-australiano foi demitido pela Sociedade Max Planck, uma importante instituição de pesquisa alemã, depois que a mídia local publicou vários relatórios controversos acusando-o de disseminar propaganda antissemita.

Hage rejeitou veementemente a acusação e disse que sempre defendeu a coexistência pacífica entre judeus, muçulmanos e cristãos, e criticou tanto os israelenses quanto os palestinos que trabalham contra esse objetivo.

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“Tenho um ideal político pelo qual sempre lutei em relação a Israel/Palestina. É o ideal de uma sociedade multirreligiosa formada por cristãos, muçulmanos e judeus vivendo juntos naquela terra”, disse o acadêmico.

“Se Israel sofreu e continua sofrendo as maiores críticas, é porque seu projeto etno-nacionalista colonial é, de longe, o maior obstáculo para atingir esse objetivo. Isso também se aplica às minhas publicações nas redes sociais”, acrescentou.

O acadêmico disse que a mídia de direita iniciou uma campanha contra ele tirando do contexto algumas de suas publicações nas redes sociais. Ele disse que as denúncias contra ele eram como um trabalho de “assassinato ideológico fascista”.

Expressando sua tristeza com a decisão da Sociedade Max Planck, Hage também disse que não havia nada de surpreendente no que aconteceu, pois tais incidentes se tornaram comuns recentemente no cenário acadêmico e intelectual alemão.

Ele criticou os gerentes da Sociedade Max Planck por não defenderem os acadêmicos e a liberdade acadêmica.

“O fato de que esse mundo intelectual do qual eu fazia parte possa ser destruído tão facilmente e que os gerentes das instituições acadêmicas tenham medo e deixem isso acontecer, em vez de defender a vitalidade do espaço acadêmico sob sua administração, é uma verdadeira tragédia”, disse ele.

A Sociedade Max Planck disse, em um comunicado na quarta-feira, que se separou do acadêmico Ghassan Hage após seus recentes comentários sobre Israel e Gaza.

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“Muitos dos pontos de vista recentemente divulgados por Ghassan Hage através da mídia social são incompatíveis com os valores fundamentais da Sociedade Max Planck. A Sociedade Max Planck, portanto, se separou dele em acordo com o Instituto”, disse a Sociedade.

Hage estava trabalhando como professor visitante no Instituto Max Planck de Antropologia Social em Halle desde abril de 2023.

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