Portuguese / English

Middle East Near You

Ativista pró-Palestina é esfaqueado no Texas, comunidade denuncia crimes de ódio

Hisham Awartani, Kinnan Abdel Hamid e Tahseen Ahmed, estudantes baleados no campus da Universidade de Vermont, nos EUA, em 26 de novembro de 2023 [Reprodução]

O Conselho de Relações Islâmico-Americano (CAIR) denunciou nesta segunda-feira (5) um novo crime de ódio contra a comunidade árabe-palestina nos Estados Unidos na cidade de Austin, no estado do Texas, quando um grupo de jovens foi agredido durante uma manifestação.

O CAIR, maior entidade de direitos civis da comunidade islâmica nos Estados Unidos, descreveu o incidente como “episódio mais recente em uma onda de crimes de ódio contra muçulmanos e árabes desde o início da agressão israelense a Gaza”.

“Vários agentes de governo e figuras da mídia passaram meses desumanizando e demonizando muçulmanos e palestinos”, lamentou o CAIR. “Ataques como esse são resultado direto”.

Um jovem palestino-americano de 23 anos foi esfaqueado no fim de semana, em um incidente descrito pela polícia texana como “motivado por intolerância”.

Conforme o CAIR, três das vítimas têm raízes palestinas. O ataque ocorreu quando saíam de um protesto pró-Palestina que reuniu centenas na cidade. Os jovens foram então surpreendidos por um homem de bicicleta que tentou arrancar o keffiyeh — o lenço tradicional palestino — de um deles, de dentro de seu veículo.

Segundo as vítimas, o homem gritou injúrias raciais e obscenidades ao grupo; em seguida, abriu a porta do passageiro e arrancou um dos rapazes do carro. Os outros três buscaram se defender, quando o agressor puxou uma faca.

LEIA: Harvard permite assédio a estudantes pró-Palestina, alerta denúncia

O primeiro rapaz, identificado como Zacharia Doar, foi ferido no tórax e levado às pressas a um hospital, onde foi constatada uma fratura nas costelas. Após cirurgia, o jovem passa bem.

Durante coletiva de imprensa realizada pelo CAIR, nesta terça-feira, Nizar Doar, pai de Zacharia, responsabilizou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pelo ataque. “Senho presidente, eu o culpo. Eu o culpo pelo que nos fez passar. Se o senhor houvesse chamado um cessar-fogo três meses atrás, nada disso teria acontecido”, declarou o pai.

A polícia deteve o agressor e anunciou uma investigação. O criminoso foi identificado como Bert James Baker, de 36 anos, indiciado por lesão corporal e tentativa de homicídio. O caso deve ser encaminhado ao Comitê de Análise de Crimes de Ódio, para ser então submetido à promotoria do Condado de Travis.

Fayyaz Shah, presidente da sessão de Austin do CAIR, ecoou denúncias de crime de ódio. “Toda a comunidade árabe-muçulmana é solidária a esses jovens membros de nossa comunidade, que parecem ser a última vítima de um surto islamofóbico e antipalestino em nosso país”.

“Pedimos ao departamento de polícia que registre devidamente as acusações de crime de ódio contra o criminoso e que as agências federais de segurança abram um inquérito neste sentido”, acrescentou Shah.

Greg Casar, deputado social-democrata pelo 35° distrito do Texas, compartilhou solidariedade às vítimas no Twitter (X), ao reafirmar: “O recente surto de islamofobia no país está levando a atos mortais de violência. Condenamos todo e qualquer ódio ou violência contra palestinos, árabes e muçulmanos. Isso não tem lugar em Austin ou em nosso país”.

LEIA: Sionistas forçam renúncia da primeira mulher negra presidente de Harvard

Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 27 mil mortos e 67 mil feridos — sobretudo mulheres e crianças. Estima-se que 60% da infraestrutura civil de Gaza foi destruída, deixando dois milhões de desabrigados.

Nos Estados Unidos, vários incidentes sucederam a propaganda de guerra da mídia corporativa, junto à retórica beligerante de Biden e outros líderes.

Em outubro, um menino palestino-americano de somente seis anos de idade foi esfaqueado 26 vezes pelo locatário de seu apartamento, instigado por horas de noticiário, segundo os relatos e depoimentos compilados pela polícia.

Em novembro, três estudantes de raízes palestinas, vestindo um keffiyeh, foram baleados no campus da Universidade de Vermont — um deles está paralisado da cintura para baixo.

Categorias
Ásia & AméricasEstados UnidosIsraelNotíciaOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments