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Taxas de pobreza em Israel decolam em meio a genocídio em Gaza

Israelenses fazem fila para obter alimento às vésperas do Ano Novo Judaico, em um centro de distribuição em Rishon Letzion, em 29 de setembro de 2005 [David Silverman/Getty Images]

A ofensiva israelense contra Gaza está deixando um impacto bastante negativo não apenas no enclave palestino, mas também na economia do Estado agressor, revelou um estudo do Relatório Alternativo sobre Pobreza.

A pesquisa anual descobriu uma situação de emergência socioeconômica e agravamento dos índices de pobreza em meio à gastança com o genocídio em Gaza.

Segundo os dados, os ataques indiscriminados a Gaza deixaram danos consideráveis à renda de aproximadamente 19.7% do público israelense. Em torno de 45.5% expressam receios de maior degradação econômica.

Todas as organizações beneficentes entrevistadas, que tratam da população carente, confirmaram que a ajuda do governo israelense foi cortada por completo, apesar de aumento de 58.1% nas solicitações.

A linha de pobreza alternativa, que representa o custo de vida mínimo, foi estabelecida em 5.107 shekels (US$1.401) por mês para cada pessoa e 12.938 shekels (US$3.551) para cada família, composta por dois adultos e duas crianças.

Um índice chocante de 81.8% dos recipientes assistenciais estão em débito; 85.1% sofrem déficit de energia; 79.3% sofrem de doenças crônicas.

Além disso, 81.6% dos idosos vivem na pobreza e 31.5% enfrentam insegurança alimentar; 64% deixaram de comprar medicamentos ou buscar cuidados de saúde.

O relatório traz à luz um segmento demográfico que o governo não classifica oficialmente como “pobre”, muito embora viva efetivamente na pobreza.

Famílias com renda per capita acima da linha da pobreza, mas abaixo do custo mínimo de vida, enfrentam desafios para suprir demandas essenciais.

O relatório observou ainda que 50.9% dos recipientes de ajuda reduziram suas refeições ou deixaram de comer devido à compressão financeira. Quase 40% reportou que suas crianças reduziram suas refeições ou mesmo deixaram de jantar devido à crise, levando a receios de desnutrição.

Cerca de 62.1% dos entrevistados reportaram piora da economia ao longo do ano. Outros 20.8% alertaram para o risco de deixar suas casas por não poder arcar com os aluguéis. A crise levou 66.2% a evitar consertos estruturais em suas casas.

Além disso, 73% deixaram de comprar material escolar para suas crianças, 69.4% não têm acesso a um computador e 85.1% deixaram de comparecer a atividades extracurriculares.

A crise em Gaza é evidentemente ainda pior: quase dois milhões de pessoas foram desabrigadas pelos bombardeios.

As Nações Unidas alertam para uma catástrofe humanitária sem precedentes. Estima-se que 71% da população de Gaza — 2.4 milhões de habitantes — sofram fome aguda, segundo um novo relatório do Monitor de Direitos Humanos Euromediterrâneo.

Além do cerco absoluto — sem comida, água, eletricidade ou sequer medicamentos— Israel mantém bombardeios intensos contra Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 19.453 mortos e 52.286 feridos — 70% mulheres e crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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