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Palestinos da Cisjordânia sofrem limpeza étnica em meio a genocídio em Gaza

Colono monta guarda na entrada do checkpoint de Mitzpe Yair, assentamento israelense perto da cidade de Susya, na Cisjordânia ocupada, em 9 de novembro de 2023 [Marcus Yam/Los Angeles Times via Getty Images]

Milícias coloniais, com apoio do Estado, intensificaram sua campanha de transferência forçada da população nativa em paralelo ao genocídio em Gaza. Desde outubro, residentes palestinos de dezesseis comunidades pastoris em toda a Cisjordânia foram obrigados a fugir de suas terras ancestrais sob ameaças de colonos.

As colinas do Sul de Hebron passaram a ser controladas por “esquadrões de defesa”, grupos paramilitares formados por colonos extremistas armados pelo governo em Tel Aviv, que agem com total impunidade.

“Os chamados esquadrões de defesa têm autoridade para prender quem quiserem e fazer o que quiserem”, reportou Nasser Nawaj’ah, pesquisador de campo e guia da ong israelense B’Tselem. Conforme seu relato, os colonos — “mais selvagens do que nunca”— vestem uniformes militares israelenses ao aterrorizar aldeias.

Nas últimas semanas, colonos bloquearam com pedregulhos todas as estradas de acesso às aldeias palestinas na região. A aldeia de Susya, por exemplo, que abriga mais de 300 palestinos, foi seccionada por dezesseis desses bloqueios; alguns são erguidos no meio dos campos pastoris. Susya está agora completamente inacessível de carro.

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“Nem mesmo uma mosca pode chegar aqui,” declarou Nawaj’ah.

De acordo com dados de B’Tselem, ao menos 149 famílias palestinas tiveram que fugir de suas casas para salvar suas vidas e provavelmente não poderão regressar. Trata-se de transferência compulsória de população civil sob pretexto da guerra — isto é, crime de limpeza étnica.

O mesmo padrão de terror se repete nas mais diversas aldeias palestinas. Colonos, às vezes mascarados e pesadamente armados, chegam à noite para ameaçar e intimidar os moradores. Apontam armas às cabeças das crianças, destroem veículos, esvaziam caixas d’água, rasgam sacos de grãos, matam rebanhos e vandalizam posses — tudo isso em meio a ameaças e ultimatos de 24 horas para que os palestinos deixem as terras.

Usando táticas brutais, os colonos coagem aldeia após aldeia ao deslocamento forçado.

O Haaretz investigou aldeias saqueadas em Hebron e encontrou tendas vazias e moradores aterrorizados ao exílio. A bandeira de Israel foi hasteada sobre áreas palestinas conquistadas por meio de violência e intimidação.

Com o foco do mundo em Gaza, Israel e seus colonos ilegais receberam essencialmente rédea livre para perpetrar sua limpeza étnica contra os palestinos e entrincheirar e perpetuar sua ocupação militar sobre as terras expropriadas.

Com o terrorismo dos colonos israelenses contra os palestinos atingindo novos patamares, uma petição foi apresentada ao Supremo Tribunal de Justiça de Israel em nome de seis aldeias palestinas na Área C da Cisjordânia ocupada.

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A petição insta as Forças Armadas, a polícia e outras entidades estatais a proteger os palestinos do assédio, da violência e do deslocamento perpetrado por colonos e soldados.

Conforme a lei internacional, cabe à potência ocupante proteger os civis sob ocupação. Além disso, todos os colonos e seus assentamentos são ilegais sob o direito internacional.

Desde 7 de outubro, Israel mantém bombardeios contra Gaza, em retaliação a uma ação surpresa do grupo Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados. São mais de 13 mil mortos, entre os quais 5.500 crianças e 3.500 mulheres, além de 30 mil feridos — cerca de 75% dos quais, crianças e mulheres.

Milhares de edifícios civis, incluindo bairros residenciais inteiros, hospitais, mesquitas, igrejas, escolas e abrigos, foram destruídos ou danificados. Milhares de pessoas estão desaparecidas sob os escombros — provavelmente mortas.

Israel impôs um cerco absoluto a Gaza — sem água, comida, eletricidade e combustível. Ao promover suas ações, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais”.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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