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Esmagando a dissidência: Grupos sionistas perseguem alunos de Harvard críticos a Israel

Universidade de Harvard [Joseph Williams/Wikipedia]

Uma ameaça espreita sobre a liberdade de expressão nos campi universitários dos Estados Unidos, advertem grupos de direitos humanos e civis, ao passo que doadores e instituições sionistas buscam exterminar campanhas contra o genocídio israelense na Faixa de Gaza e o ativismo pró-Palestina por meio de intimidação direta.

Estudantes temem por suas carreiras por criticar legitimamente a conduta e as políticas de apartheid do regime israelense, após escritórios rescindirem ofertas de emprego ao vigiar declarações alheias ao ambiente profissional.

Dentre as vítimas estão três alunos do circuito de universidades de elite conhecido como Ivy League, sob coação da firma de advocacia Davis Polk & Wardwell, além de um graduando da Universidade de Nova York, ostracizado pela empresa Winston & Strawn.

Na Universidade de Carolina do Norte, um estudante palestino-americano relata viver com medo após um site israelense expor citações suas um artigo jornalístico.

Seu caso não é único: um grupo sionista comprou um anúncio em um caminhão que passa pelos arredores de Harvard expondo nomes e fotografias de dezenas de colegas críticos ao apartheid israelense e/ou favoráveis ao estabelecimento de um Estado palestino.

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Ostracizar ativistas via intimidação pública se tornou uma tática de larga escala empregue por forças colonialistas para reprimir a liberdade de expressão nas universidades, alerta a organização de direitos civis Palestine Legal.

Estudantes expostos chegam a receber ameaças de morte por participar de manifestações ou campanhas cívicas.

A ofensiva teve início após a comunidade discente assinar uma petição junto ao Comitê de Solidariedade Palestina de Harvard (PSC) para que Israel seja responsabilizado pelos crimes da ocupação em Jerusalém, Cisjordânia e Gaza.

Segundo a denúncia, “o regime israelense é inteiramente responsável por toda a violência que se desdobra”.

Em resposta, a Fundação Wexner cortou recursos a Harvard, ao pressionar por punição ilegal aos ativistas pró-Palestina. Doadores bilionários como Ronald Lauder ameaçaram cortar suas remessas a Universidade da Pensilvânia, ao recorrer à difamação de “antissemitismo”.

A campanha recorda o macarthismo nos Estados Unidos, quando agências de lobby e serviços do Estado passaram a perseguir indivíduos identificados como “comunistas”, incluindo jornalistas, acadêmicos, ativistas e produtores culturais.

O grupo judaico de Harvard, Hillel, no entanto, denunciou a perseguição como “inaceitável” e “contraprodutiva” em termos de educação e diálogo no campus.

“Condenamos veementemente quaisquer tentativas de ameaçar ou intimidar co-signatários da declaração do Comitê de Solidariedade Palestina, incluindo a exposição de seus nomes e rostos em um veículo que circula no campus”, declarou a agremiação.

Segundo o grupo, sob “nenhuma circunstância” estudantes devem ser submetidos a intimidação pública.

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Apesar do aumento nas vozes pró-Palestina, sobretudo de judeus antissionistas que dizem “não em nosso nome”, o lobby israelense trabalha para silenciá-los por ações coercitivas e cada vez mais agressivas.

A organização de direitos humanos e educacionais PEN condenou “o assédio de quaisquer estudantes, não importa o ponto de vista”, ao denunciar a campanha hostil como “ameaça inegável à liberdade de expressão” nos Estados Unidos e outros países.

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