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Israel vende morte e destruição ao exportar armas ao mundo

Bombardeios israelenses em Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 3 de julho de 2023 [Nedal Eshtayah/Agência Anadolu]

Israel assinou recentemente seu maior acordo de armas com a Alemanha, estimado em €4 bilhões. O Estado ocupante fornecerá à nação europeia – apreensiva em eventualmente se envolver na guerra russo-ucraniana – sistemas Hetz 3 de defesa balística. O acordo traz à luz novamente a proeminência da indústria armamentista de Israel.

Diante da contínua escalada na Ucrânia, o exército israelense pondera sobre as armas a seu dispor. Enquanto Israel monitora os prospectos da guerra no Leste Europeu e o fantasma do conflito no continente como um todo, mais e mais armamentos são postos na vitrine.

Muitos países expressaram interesse em adquirir armas israelenses, sobretudo aqueles que recorrem a satélites de vigilância, inteligência artificial e outras tecnologias. O medo de um ataque russo os levou a estocar os chamados drones suicidas, com uma curiosa diversidade de tamanhos, alcance e precisão. Neste contexto, os ucranianos pediram a Israel ajuda para reabastecer suas Forças Armadas.

ASSISTA: Exército israelense cria caos em Jenin, na Cisjordânia ocupada

Países árabes e do restante do mundo também estão envolvidos na assinatura de sucessivos acordos de armas com Israel. Os acordos não somente carregam consigo somas gigantescas em dólares como oportunidades para desenvolver laços diplomáticos, políticos e comerciais. Tudo isso encoraja o Estado de apartheid a aumentar seu próprio orçamento à fabricação de armas. De fato, a produção e exportação militar é hoje um fator determinante para a política externa de Israel. Sistemas de vigilância têm alta demanda, por exemplo, para tentar conter o novo fluxo de imigrantes à Europa.

A economia israelense provém emprego a 3.5 milhões de pessoas, dos quais, ao menos 7% estão alocados na indústria militar. Destes, vinte porcento são cientistas e engenheiros que operam em campos técnicos, infraestrutura e gestão industrial – envolvidos em projetos de altíssima tecnologia.

O Estado ocupante exporta armas a 130 países: Ásia e Pacífico são o maior mercado (58%), seguido por Europa (21%), América do Norte (14%), África (5%) e enfim América Latina (2%). Os números refletem décadas de investimento na indústria armamentista. Não há restrições legais ou outras embasadas em direitos humanos no que se refere ao licenciamento para a exportação de armas. Deste modo, companhias israelenses podem vendê-las a regimes que cometem violações flagrantes e crimes de lesa-humanidade, como Myanmar e Sudão do Sul, por exemplo, sobre os quais outros países impuseram embargos.

Oficiais de alto escalão das instituições israelenses são implicados em acordos suspeitos no valor de dezenas de milhões de dólares para enviar armas desde a Bulgária ao Congo, o que expõe a falta deliberada de supervisão e responsabilização adequada. Não é segredo que as indústrias militares de Israel operam sem contrapesos ou transparência, por meio de pactos entre forças policiais, militares e mesmo no campo nuclear. Tudo isso ocorre com aval dos Estados Unidos e da União Europeia. Ao mesmo tempo, Israel estabelece ou pré-estabelece relações com regimes opressivos e de extrema-direita no Leste Europeu e na África. Há cada vez mais acusações de que Tel Aviv fornece armas a regimes que cometem crimes de guerra – assim como Israel. Por que então o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seus asseclas extremistas teriam alguma consciência ou ética sobre o assunto? Estão todos muito felizes e satisfeitos em vender morte e destruição a todo o planeta.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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