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Normalização israelo-saudita é limitada sem ‘solução de dois estados’, afirma Riad

Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, se encontra com Ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, em Riad, 7 de junho de 2023 [Ahmed Yosri/AFP via Getty Image]

Uma eventual normalização de laços entre Arábia Saudita e Israel sem alcançar antes a “solução de dois estados” traria apenas benefícios limitados, afirmou em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (8) o Ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, ao lado do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

“Acreditamos que a normalização é interesse de toda a região e traria benesses consideráveis a todos, sobretudo após encontro da coalizão global contra o Estado Islâmico (Daesh)”, admitiu o chanceler. “No entanto, sem encontrarmos o caminho da paz para o povo palestino, sem tratar desses desafios, qualquer normalização seria limitada”.

“Portanto, penso que devemos continuar a buscar um caminho para a solução de dois estados, em nome da dignidade e justiça para os palestinos”, prosseguiu. “Penso que os Estados Unidos têm uma perspectiva similar de que é importante mantermos tais esforços”.

A Arábia Saudita – superpotência regional e lar dos dois maiores santuários islâmicos – resistiu à pressão americana para encerrar gerações de não-reconhecimento do Estado de Israel, apesar de seus vizinhos, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, acatarem os apelos.

Riad condiciona a normalização com Israel ao estabelecimento de um Estado palestino. Porém, pressões para firmar laços com a ocupação voltaram à tona após a monarquia reaver relações com o Irã, em abril deste ano, antigo adversário regional e arqui-inimigo de Israel. O acordo foi mediado pela China.

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Desde sua chegada na Arábia Saudita, na noite de terça-feira (6), Blinken reforçou a tese de que a integração regional é crucial para a estabilidade e prosperidade da região.

“A região do Golfo está mais conectada do que nunca, tanto em âmbito local quanto com países do Oriente Médio como um todo, incluindo Israel. Os Estados Unidos continuarão a exercer um papel integral em aprofundar e expandir a normalização”, prometeu Blinken.

Sobre o programa nuclear saudita – supostamente para fins civis – declarou bin Farhan: “Não é segredo que estamos desenvolvendo nosso programa nuclear doméstico e seria naturalmente preferível que pudéssemos ter Washington como um dos parceiros”.

A anuência a seu programa nuclear também é um das condições sauditas para normalizar laços com Israel, reportou uma fonte próxima às discussões, ao corroborar uma reportagem do New York Times publicada em março.

Oficiais americanos, entretanto, condicionaram a troca de conhecimento com Riad a rigorosas restrições ao enriquecimento de urânio ou reprocessamento de plutônio derivado dos reatores. Ambos os processos remetem a fins armamentistas.

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