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Estupros no Sudão levam médicos a postar orientações às mulheres

Em meio a uma escalada na violência sexual devido aos confrontos renovados no Sudão, um médico local decidiu compartilhar um mensagem no Twitter listando quais medicamentos as mulheres devem tomar em caso de estupro.

Na postagem, o médico – identificado como dr. SeMos – orienta as mulheres sobre o que fazer caso não consigam obter a pílula do dia seguinte, ao reiterar a importância do cronograma.

“As pílulas interrompem a gravidez se forem tomadas até 120 horas após o evento, isto é, em torno de cinco dias após a agressão”, instruiu o médico.

“Por favor, repasse este post para que as pessoas saibam como agir rapidamente, porque o tempo é o fator decisivo nesses casos”, acrescentou. “Só hoje descobri três casos de estupro de nossas irmãs nas mãos dos Janjaweed. Que Deus as ajude!”

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Os Janjaweed são milícias tribais envolvidas nos sucessivos conflitos no Sudão. À medida que a violência tomou novamente o país, histórias de mulheres sendo estupradas se espalharam pelas redes sociais. Mulheres refugiadas e deslocadas internas se tornaram alvo.

Em um caso particularmente perturbador, duas filhas foram estupradas na frente de sua mãe.

“O deslocamento forçado expõe um número maior de mulheres ao risco de violência de gênero, exploração e abuso sexual, alojadas em abrigos temporários e privadas de suas necessidades básicas”, advertiu a Organização das Nações Unidas (ONU) em um relatório sobre a situação de emergência no país norte-africano.

A violência contra as mulheres é um problema crônico no Sudão. Aproximadamente 3,1 milhões de mulheres e meninas sudanesas estão expostas a crimes hediondos. O índice deve aumentar drasticamente em meio aos confrontos em curso.

Apenas 16% dos hospitais estão trabalhando em plena capacidade, sob grave escassez de água, eletricidade, alimentos e medicamentos. O sistema de saúde do país está perto do colapso.

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Segundo a ONU, faltam suprimentos para tratamento de mulheres vítimas de estupro.

Os combates entre as Forças Armadas do Sudão e as Forças de Suporte Rápido (FSR) persistem há quatro semanas, com milhares de civis pegos no fogo cruzado. Em torno de 940 mil pessoas fugiram de suas casas em direção a outras áreas do país ou Estados vizinhos.

O número de mortos ultrapassou 600 com cinco mil feridos.

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