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Palestinos e ativistas solidários saem às ruas no 75° aniversário da Nakba

Palestinos protestam no 75° aniversário da Nakba – ou “catástrofe”, como os árabes nativos descrevem a criação do Estado de Israel mediante limpeza étnica, em 15 de maio de 1948 – em Belém, na Cisjordânia ocupada, em 14 de maio de 2023 [Wisam Hashlamoun/Agência Anadolu]
Palestinos protestam no 75° aniversário da Nakba – ou “catástrofe”, como os árabes nativos descrevem a criação do Estado de Israel mediante limpeza étnica, em 15 de maio de 1948 – em Belém, na Cisjordânia ocupada, em 14 de maio de 2023 [Wisam Hashlamoun/Agência Anadolu]

Palestinos marcam nesta segunda-feira, 15 de maio de 2023, o Dia da Nakba, após 75 anos do que denunciam como “catástrofe”, isto é, a expulsão forçada de centenas de milhares de árabes nativos de suas terras ancestrais, mediante limpeza étnica planejada, para dar lugar à criação do Estado de Israel, em 1948.

Milhares de pessoas ergueram bandeiras palestinas em protestos em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, sede da administração da Autoridade Palestina (AP). Alguns manifestantes exibiram as chaves das casas de suas famílias, como esperança de retorno à Palestina histórica.

“Israel foi fundado sobre as ruínas de 530 aldeias palestinas e suas gangues cometeram mais de 50 massacres, resultando em mais de 15 mil mortos”, comentou o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, em coletiva de imprensa em frente ao mausóleu de Yasser Arafat.

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Wasel Abo Youssef, membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), reafirmou que mais de cem mil palestinos foram assassinados e um milhão foram encarcerados pela ocupação israelense desde a Nakba.

“Hoje, o povo palestino reitera que jamais se esqueceu de seu direito de retorno”, declarou Abo Youssef, ao citar o direito consagrado pela lei internacional para que os refugiados regressem a suas terras ancestrais, das quais foram expulsos em virtude da violência e da colonização.

Em 1917, o governo do Mandato Britânico na Palestina histórica ratificou, por meio da infame Declaração Balfour – assinada por seu então chanceler, Arthur Balfour – o “estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu”.

O processo culminou na Resolução de Partilha imposta, em 1947, pela Organização das Nações Unidas (ONU), que incorreu nos massacres da Nakba no ano seguinte.

Dezenove anos depois, Israel ocupou os 22% restantes da Palestina histórica – Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental –, que continuam sob a mais longeva ocupação da história moderna.

Conforme o Escritório Central de Estatísticas Palestinas (PCBS), a Nakba deslocou quase 800 mil palestinos dentre uma população nativa de 1.4 milhão de pessoas na época, radicadas em 1.300 aldeias e cidades milenares.

A Nakba no mundo

Em Londres, milhares marcharam no sábado (13) em solidariedade ao povo palestino, parte dos eventos dedicados à memória da Nakba. O ato ocorreu sob a chamada“Nakba 75 anos – Fim do apartheid, fim da colonização” e reivindicou o fim do apoio histórico do Reino Unido ao sistema opressivo de Israel.

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Os manifestantes se reuniram em frente ao prédio da rede estatal BBC e marcharam até a sede do governo, em Downing Street.

“Recordamos a Nakba não apenas como evento histórico, mas processo contínuo de opressão imposto por 75 anos via colonização da terra, regime de apartheid e ocupação militar”, reiterou em nota a Campanha de Solidariedade Palestina, uma das organizadoras do ato.

A Ação Palestina ocupou os escritórios da corporação de logística Kuehne & Nagel, na cidade de Leicester, como protesto a sua parceria com a fabricante de armas israelenses Elbit Systems.

“A Kuehne & Nagel deve saber que, ao trabalhar com a Elbit, apoiam o assassinato e a limpeza étnica dos palestinos. Seus serviços contribuem com o mercado de armas de Israel”, reiterou a campanha de ação afirmativa em nota. “Todas as empresas devem cessar negócios que lucram com o derramamento de sangue palestino”, advertiu.

No Brooklyn, em Nova York, mais de mil pessoas tomaram as ruas em apoio ao povo palestino, neste domingo (14). Os manifestantes entoaram palavras de ordem como “Palestina livre, do rio ao mar”, segundo testemunhas.

O evento na maior metrópole dos Estados Unidos coincide com um aumento na solidariedade entre os americanos – jovens, em particular – ao povo palestino sob ocupação, em detrimento a um dos principais bastiões de apoio ao sionismo no mundo ocidental.

O Dia da Nakba é recordado pela primeira vez pela Organização das Nações Unidas, em evento na sede da Assembleia Geral, também em Nova York.

Em Washington, a congressista democrata Rashida Tlaib – primeira cidadã palestino-americana eleita ao Congresso – convocou um ato público no Capitólio para recordar a data. O republicano Kevin McCarthy, presidente da Câmara, tentou sem êxito cancelar o evento. O ato foi realizado em um auditório lotado do Senado, após intervenção do senador Bernie Sanders.

Em São Paulo, ocorrerá o ato “75 anos da Nakba, a catástrofe palestina”, nesta segunda-feira, às 17h30, na Praça Oswaldo Cruz (perto do metrô Paraíso). No dia 16, às 19h, está marcada uma audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo, chamada pelo Fórum Latino-Palestino e pela Frente em Defesa do Povo Palestino.

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Palestina: quatro mil anos de história
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