clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Israel se queixa de expansão chinesa ao Oriente Médio às custas de Washington

26 de abril de 2023, às 08h01

Presidente da China Xi Jinping e premiê israelense Benjamin Netanyahu em Pequim, em 21 de março de 2017 [Etienne Oliveau/AFP/Getty Images]

Após o sucesso da China em normalizar as relações entre Irã e Arábia Saudita, círculos políticos e diplomáticos de Israel antevêem esforços do gigante asiático para buscar solucionar o conflito israelo-palestino. Não obstante, Tel Aviv se mantém comprometido com Washington e reforçou apelos para que seu aliado histórico retome maior envolvimento no Oriente Médio.

“Após a retomada de laços diplomáticos entre Riad e Teerã, sob mediação da China, após anos de distanciamento, círculos em Israel preveem que os chineses possam também buscar resolver outro conflito regional, que dura décadas, entre palestinos e israelenses”, escreveu o articulista político Itamar Eichner no jornal em hebraico Yedioth Ahronoth.

“Neste contexto, o ministro de Relações Exteriores de Israel Eli Cohen fez um telefonema a seu homólogo chinês, Chen Gang, sem anunciar, contudo, se a conversa incluiu negociações com os palestinos, embora tenha confirmado que um dos temas abordados foi a ameaça representada pelo programa nuclear iraniano”, acrescentou Eichner.

Segundo a rede Arabi21, o chanceler chinês conversou também com Riyad al-Malik, ministro de Relações Exteriores da Autoridade Palestina (AP), mas com postura distinta, ao reiterar receios sobre a escalada de tensões na região, assim como compromisso em retomar negociações.

LEIA: O acordo saudita-iraniano reflete a mudança na política externa da China?

Conforme relatos, Chen garantiu a Cohen que o acordo saudita-iraniano é um bom exemplo de como superar diferenças por meio do diálogo, ao pedir coragem política aos envolvidos.

Os avanços revelaram a Israel um aumento na “interferência” chinesa no Oriente Médio, insistiu Eichner em seu artigo.

Em entrevista concedida à rede CNBC, o premiê israelense Benjamin Netanyahu foi questionado sobre a matéria. “Respeitamos a China, temos boas relações, mas sabemos também que temos uma aliança indispensável com nosso grande amigo, os Estados Unidos”, declarou Netanyahu.

Ron Ben-Yishai, comentarista de segurança, apontou que Washington considera a China como concorrente e mesmo inimigo em termos econômicos e militares. Israel reflete as apreensões americanas, dado o envio massivo de assistência ao Estado sionista, concluiu Eichner.