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Violações praticadas por Israel visam tomada total de Jerusalém para declará-la sua capital

Vista aérea mostra o complexo da mesquita Al-Aqsa de Jerusalém, o terceiro santuário mais sagrado do Islã, com o Domo da Rocha no centro [GALI TIBBON/AFP via Getty Images]

Nos últimos dias, assistiu-se a uma escalada israelense considerada por muitas mídias e analistas como a mais perigosa dos últimos meses, e ameaça aumentar as tensões na Palestina e na região. O que aconteceu e está acontecendo nos dias de hoje, além do fato de ser uma grave violação israelense, é principalmente por ocorrer durante o mês do Ramadã, quando a Mesquita Al-Aqsa e Jerusalém são os lugares para onde os muçulmanos se dirigem para fazer orações, porque a mesquita e a cidade têm grande importância religiosa para os muçulmanos, bem como para outras religiões.

As sucessivas incursões de colonos ocorreram sob a proteção de policiais israelenses e homens de segurança, espancando e prendendo fieis . Dezenas foram presos e dezenas foram espancados, sem distinção entre os fiéis, fossem idosos ou mulheres. A testemunha ocular Ibrahim Ali, que é um dos fiéis, disse ao Centro de Informações  Alternative – Palestina ,que “dezenas de policiais armados invadiram a mesquita ao meio-dia e começaram a espancar as pessoas com cassetetes, chutando e atirando bombas de gás e som intensivamente. Então eles detiveram centenas e os forçaram sentar no chão e continuaram a espancá-los”  A mesquita, segundo ele, parecia uma praça de guerra.

As medidas israelenses contra fiéis e contra o direito à prática religiosa para palestinos em Jerusalém não se limitam ao que aconteceu e ainda está acontecendo dentro dos pátios da Mesquita de Al-Aqsa ou nas portas que levam à mesquita. Pelo contrário, é uma continuação de uma política intensa e sistemática contra o direito das pessoas de praticar suas crenças religiosas. E ao longo dos dias do mês do Ramadã, a entrada em Al-Aqsa para rezar era proibida aos menores de cinquenta anos. Restrições militares nas travessias que levam a Jerusalém foram impostas para impedir que os palestinos entrassem na cidade para rezar. E milhares foram impedidos de chegar a Jerusalém e à mesquita.

Israel está cometendo crimes de guerra contra fiéis na Mesquita de Al-Aqsa [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Essa política de fechamento e o isolamento entre Jerusalém e a Cisjordânia inserem-se na política de anexação da cidade, o que é uma grave violação das resoluções das Nações Unidas e suas instituições e uma violação do direito humanitário internacional, já que Jerusalém é uma cidade ocupada. As Convenções de Genebra enfatizam que a potência ocupante está proibida de fazer qualquer ação ou mudança que afete o  status legal de um território ocupado O que está acontecendo nestes dias em Jerusalém e na Mesquita de Al-Aqsa, além de constituir uma violação do direito humano palestino de acessar lugares sagrados e praticar seu culto, direito garantido sob direito internacional, também constitui motivo de tensão e escalada da situação na Palestina em geral. Comentando os acontecimentos atuais, as forças de resistência palestinas emitiram um comunicado confirmando o que está acontecendo em Jerusalém e Al-Aqsa em termos de ataques e incursões nos pátios da mesquita por colonos, que estão em constante aumento e sob a proteção da polícia israelense, o que significa que o governo israelense dá legitimidade a essas incursões. O comunicado enfatiza que os cidadãos palestinos estão sujeitos a espancamentos, abusos, prisões e proibições de entrada na mesquita pela polícia israelense, e que isto requer uma resposta da resistência popular contra a ocupação israelense.

Em um contexto relacionado, milhares de palestinos da Cisjordânia que se dirigiram a Jerusalém pra rezar na Mesquita Al-Aqsa não puderam passar pelo postos de controle e barreiras militares que separam as cidades.

LEIA: Que direito eles têm de invadir Al-Aqsa?

Especialmente a travessia 300, entre Belém e Jerusalém, que separa as províncias de Belém e Hebron, no sul da Cisjordânia, e a passagem de Qalandia, que separa Jerusalém do norte da Cisjordânia, foram bloqueadas.

O que está acontecendo na dimensão política e jurídica é nas ações para isolar e separar Jerusalém de seus arredores na Cisjordânia,  confirma a política israelense de anexar a cidade e declará-la capital do o Estado de Israel.

Artigo publicado originalmente em inglês pelo Alternative Information Center-Palestine, traduzido e editado em português para o MEMO. 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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