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OMS alerta para escalada na violência de Israel contra saúde na Cisjordânia

Forças de Israel reprimem protesto palestino após a morte em custódia do paciente oncológico Nasser Abu Hamid, condenado a prisão perpétua, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a escalada dos ataques de Israel contra profissionais de saúde, hospitais e outras instituições na Cisjordânia ocupada, sobretudo no mês passado. O aviso é parte do Relatório Mensal de Acesso à Saúde da OMS.

A agência internacional documentou 47 ataques nos primeiros dois meses de 2023, incluindo 37 casos de obstrução dos serviços de saúde a pacientes emergenciais após incursões militares de Israel nas cidades de Nablus e Jenin, além da aldeia de Huwara.

A OMS registrou também 21 incidentes de violência física contra trabalhadores de saúde, entre os quais, casos em que foram alvejados com munição real para impedir a evacuação de feridos e prestação de primeiros socorros. Alguns dos pacientes faleceram como resultado.

Segundo o relatório, ao menos 68% dos ataques registrados ocorreram no distrito de Nablus, na Cisjordânia. Outras áreas afetadas são Hebron, Jericó, Jenin, Belém e Jerusalém.

O documento abarca o depoimento de um indivíduo identificado como Ahmad, profissional de saúde que trabalha para a Sociedade do Crescente Vermelho da Palestina há 26 anos.

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“Em 22 de fevereiro, durante uma invasão a Nablus, eu estava em uma das nove ambulâncias do Crescente Vermelho impedidas de entrar na Cidade Velha para evacuar pessoas gravemente feridas”, explicou Ahmad. “Foi-nos dito que não havia coordenação com as forças de Israel para que as ambulâncias entrassem, então decidimos continuar a pé, por nossa conta e risco.”

Uma das equipes foi tratar uma criança de dois anos portadora de doença cardíaca, que sofreu sintomas graves de inalação de gás lacrimogêneo.

“Depois de chegarem à casa do paciente, eles ficaram presos lá dentro por duas horas antes de conseguirem levar a criança para um hospital. Em outro caso, quatro paramédicos haviam deixado sua ambulância para resgatar um ferido, quando foram alvejados à queima roupa por balas de borracha. A equipe conseguiu levar o paciente à ambulância sem ser atingida.”

Ahmad acrescentou que, no mesmo dia, outra ambulância foi alvejada com balas de borracha e ainda outra foi atacada por um veículo militar israelense. “A lataria da ambulância foi bastante danificada”, reiterou o paramédico.

A Cisjordânia vive uma escalada na violência há meses, em meio a repetidas incursões militares israelenses contra cidades e aldeias palestinas.

Dezenas de colonos israelenses atacaram Huwara em fevereiro, incluindo ataques incendiários em casas e veículos palestinos. O trabalhador humanitário Sameh Aktash foi morto por colonos durante o ataque; muitos outros ficaram feridos.

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