Tor Wennesland – coordenador do “processo de paz” para o Oriente Médio da Organização das Nações Unidas (ONU) – advertiu nesta segunda-feira (28) que o conflito israelo-palestino está à margem de seu “ponto de ebulição”.
Após um aumento drástico nos ataques contra palestinos na Cisjordânia ocupada, Wennesland declarou em informe ao Conselho de Segurança: “Altíssimos níveis de violência em Israel [sic] e na Cisjordânia ocupada registrados nos últimos meses, incluindo ataques contra civis palestinos e israelenses, incorreram em uma escalada no uso de armas e na violência colonial, resultando em grave sofrimento humano”.
Wennesland pediu pela retomada do processo político pela “solução de dois estados”.
“Atacar civis jamais é aceitável e a violência deve acabar”, insistiu o diplomata. “A tendência em curso não traz estabilidade e segurança a ninguém”.
Após o encontro do Conselho de Segurança, Riyad Mansour – embaixador palestino na ONU – pediu para que a organização aja para “proteger a população civil palestina”.
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“O Conselho de Segurança, como uma agência poderosa, quem sabe, a mais poderosa força da ONU para manter a paz e a segurança internacional, continua a falar muito e não agir”, alertou Mansour. “É algo patético”.
O alerta sucede a execução a tiros de três palestinos por forças coloniais na manhã de segunda, conforme reportou o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina (AP). Um palestino foi morto em Beit Ummar, no sul da Cisjordânia, e dois irmãos em Kafr Ein, perto de Ramallah.
Nos últimos meses, houve um aumento nas incursões israelense nas Cisjordânia, acompanhado por atos de agressão cometidos por colonos ilegais e radicalizados, até mesmo hostis a soldados da ocupação.
Somente em 2022, ao menos 130 palestinos foram mortos, em comparação a 25 vítimas do lado israelenses. O ano tornou-se o mais letal para os palestinos da Cisjordânia desde 2005.