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Universidade britânica exclui palestinos de debate sobre pressão da IHRA

Universidade de Edimburgo [Wikipedia]

A Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, excluiu professores e acadêmicos palestinos de um grupo de trabalho formado para debater as “cruéis repercussões” da altamente controversa definição de antissemitismo da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA).

Detalhes da marginalização de vozes palestinas na instituição escocesa foram denunciados pelo professor de relações internacionais Nicola Perugini.

“A definição de IHRA serve de arma para silenciar debates críticos sobre a Palestina”, reafirmou Perugini no Twitter. “Adivinhem quem a universidade excluiu do grupo de trabalho cujo objetivo é discutir as cruéis repercussões desta definição? Professores e pesquisadores palestinos”.

Perugini reiterou receios sobre a adoção da definição da IHRA por universidades britânicas, sem sequer consultar seus profissionais e estudantes.

“A maioria das instituições no Reino Unido abraçou o conceito sem consultar suas equipes, sob pressão de Gavin Williamson, secretário da educação do Tory [Partido Conservador]”, destacou Perugini, coautor do livro Human Shields: A History of People in the Line of Fire – em tradução livre, Vidas humanas: Uma história dos povos na linha de fogo –, publicado em 2020.

Segundo o acadêmico, Williamson – que recentemente renunciou de um cargo no governo pela terceira vez consecutiva – “chantageou as universidades, ao ameaçar cortar recursos do estado, caso não aderissem ao conceito”.

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A definição da IHRA angariou oposição nos últimos anos devido a seu impacto sobre a liberdade de expressão. Acadêmicos judeus estão entre os detratores, que alertam que o conceito associa indevidamente críticas legítimas ao Estado de Israel com o racismo antijudaico.

A Rede de Faculdades Judaicas (JFN) advertiu que a definição da IHRA é usada para “intimidar e silenciar o trabalho de sindicatos, grupos estudantis, departamentos acadêmicos e associações universitárias comprometidas com a liberdade, a igualdade e a justiça ao povo palestino”.

Sete dos onze exemplos de “antissemitismo” da IHRA atrelam críticas políticas a discriminação. Como resultado, pesquisadores, ativistas e organizações que denunciam os crimes de apartheid na Palestina ocupada são censurados e difamados como “antissemitas”.

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