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COP27 no Egito vira palco pela liberdade de Alaa Abdelfattah, ainda em greve de fome

O governo militar do Egito – comandado pelo presidente Abdel Fattah el-Sisi – vive pressão cada vez maior para libertar o ativista anglo-egípcio Alaa Abdelfatah, que chega a seu quarto dia sem beber água. Alaa avançou em sua greve de fome diante da abertura da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27) no balneário de Sharm el-Sheikh, na região do Mar Vermelho.

Alaa está em greve de fome por sua libertação há 200 dias.

Sua irmã, Mona Seif, reportou à rede LBC que “a menos que Rishi Sunak [novo premiê do Reino Unido] retorne da COP27 junto de meu irmão, Alaa não sairá do Egito senão em um caixão”.

Nesta terça-feira (8), o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos renovou apelos por sua soltura.

Agnes Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, destacou: “Sejamos claros: corremos contra o tempo. Caso as autoridades não queiram acabar com uma morte em suas costas, que poderia e deveria ser evitada, é preciso agir agora mesmo. Se não, esta morte estará presente em cada um dos debates da COP27”.

Em carta endereçada a Sanaa Seif – também irmã de Alaa –, Sunak alegou “pleno compromisso” e “prioridade máxima” em solucionar o caso de Alaa. Na cúpula, no entanto, o premiê foi pego em vídeo se afastando de um repórter que o questionou sobre a pauta.

O ex-vice-premiê egípcio, Ziad Bahaa-Eldin, fez coro aos apelos pela liberdade de Alaa.

Três jornalistas egípcias, Eman Auf, Mona Selim e Rasha Azab, anunciaram greve de fome nesta semana em solidariedade a Alaa.

Na última semana, Sanaa e Mona conversaram com o chanceler britânico James Cleverly, após um protesto sit-in em frente a seu gabinete.

“Este é o capítulo final para nossa família”, advertiu Mona durante uma coletiva de imprensa. “Se Alaa não for solto pelas ações da COP27, certamente vai morrer na prisão”. Sanaa viajou ao Egito, após a abertura do evento, para robustecer a pressão ao governo sobre seu irmão.

 

“Imagino o que nossa liberdade significa se não tiver a sua”, alertou a romancista Arundhati Roy em vídeo endereçado a Alaa. “Imagino o que a vida quer dizer enquanto você nos deixa. O que significa esta conferência do clima, enquanto seu anfitrião encarcera e mata seu povo”.

Protestos ocorrem em todo o mundo: Londres, Beirute, Nova York, Washington, Roma, Haia, Túnis e Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

Familiares de outros prisioneiros políticos juntaram-se às manifestações.

O Ministro de Relações Exteriores do Egito Sameh Shoukry sugeriu que a greve de fome não foi corroborada e é possível que o prisioneiro seja forçado a se alimentar. Shoukry, porém, afirmou que Alaa está sob tratamento médico.

O parlamentar egípcio Amr Darwish tentou interromper a coletiva de imprensa convocada por Sanaa sobre as condições de custódia de seu irmão. Todavia, foi removido do local por seguranças da Organização das Nações Unidas (ONU).

Alaa Abdelfattah está preso por compartilhar uma postagem nas redes sociais sobre a morte de um prisioneiro político em custódia do regime egípcio.

Sua mãe, Laila Soueif, continua aguardar uma prova de vida de Alaa nos portões do presídio de Wadi al-Natroun. Sua mãe e suas irmãs também pedem provas de que o prisioneiro político não esteja submetido a maiores violações.

LEIA: Alaa Abdelfattah, o dissidente egípcio-britânico preso em greve de fome

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