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Google arma Israel com inteligência artificial avançada, revela relatório

Logotipo do Google [Metin Aktas/Agência Anadolu]

O Google está fornecendo tecnologia avançada de inteligência artificial (AI) e aprendizado automático a Tel Aviv, por meio de seu controverso “Projeto Nimbus”, reportou a rede de imprensa The Intercept.

“O projeto tem como intuito fornecer ao governo, às autoridades de segurança, entre outros, soluções abrangentes de nuvem”, confirmou o Ministério da Defesa ao comunicar o contrato.

Segundo as informações, documentos e vídeos de treinamento obtidos via portal público de educação revelaram que o Google repassou ao regime da ocupação ferramentas avançadas, dentre os quais, identificação facial, categorização automática de imagens, rastreamento de objetos e mesmo “análise de sentimentos” – que supostamente analisa o teor emocional de fotografias, discursos e textos.

A tecnologia foi transferida através da plataforma Google Cloud.

Jack Poulson, diretor da ong de monitoramento Tech Inquiry, que compartilhou o endereço do portal com o Intercept, comentou: “O ex-chefe de segurança da empresa Google – agora chefe do ramo israelense Oracle – confirmou publicamente que um dos intuitos do Nimbus é impedir o governo alemão de solicitar dados relacionados às Forças de Defesa de Israel para o Tribunal Penal Internacional”.

“Dada conclusão do Human Rights Watch de que o governo israelense comete ‘crimes de lesa-humanidade, perseguição e apartheid’ contra o povo palestino, é fundamental que o apoio de vigilância e inteligência artificial do Google e da Amazon à ocupação militar seja documentado integralmente”, acrescentou Poulson.

O uso de vigilância e reconhecimento facial por parte de Israel parece estar entre os empregos mais elaborados da tecnologia por um governo que busca subjugar uma população, afirmaram especialistas da organização de direitos digitais Access Now.

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Em 2019, soldados israelenses participaram de uma competição para capturar o maior número de rostos palestinos, incluindo crianças e idosos. De acordo com o The Washington Post, foram coletados – “no mínimo” – milhares de retratos.

“Viver sob estado de vigilância há anos nos ensinou que todas as informações coletadas no contexto israelo-palestino podem ser utilizadas pelo aparato militar”, insistiu Mona Shtaya, ativistas por direitos digitais da ong 7amleh.

“Reconhecimento de imagem, reconhecimento facial, análise de emoções, entre outras coisas, somente aumentam o poder de vigilância de um estado que viola os direitos à privacidade dos palestinos, a serviço de um objetivo último: criar um sentimento de panóptico entre os nativos para então controlá-los com facilidade”, prosseguiu Shtaya.

O contrato de US$1.2 bilhão do chamado Projeto Nimbus é um dos maiores empreendimentos de tecnologia da história de Israel. O acordo com o Google foi firmado com o exército em maio do último ano, após um leilão cujos concorrentes eram outros gigantes como a Microsoft.

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