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General renuncia da liderança de think tank nos EUA sob acusações de lobby ilegal

John Allen, presidente do Instituto Brookings, durante Fórum Econômico Internacional das Américas, em Montreal, Canadá, 11 de junho de 2019 [Christinne Muschi/Bloomberg via Getty Images]

Um proeminente caso de lobby em Washington encomendado por estados do Golfo culminou na renúncia do general John Allen — membro aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais — da presidência do Instituto Brookings.

Na semana passada, um inquérito em curso do Departamento de Defesa e do Departamento Federal de Investigação (FBI) bateu às portas do general quatro estrelas. Allen foi acusado de influenciar a política da Casa Branca em favor de países árabes, como Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

A princípio, Allen foi afastado de eventuais funções administrativas, após dados eletrônicos apreendidos pelo FBI implicarem o general em perjúrio e lobby ilegal em nome do governo catariano. Segundo documentos judiciais, o veterano de 68 anos mentiu aos investigadores sobre suas operações e tentou encobrir evidências sob mandado federal.

Em comunicado divulgado no domingo (12), o conhecido Instituto Brookings confirmou a exoneração de Allen.

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“A integridade e os objetivos da bolsa de estudos Brookings representam o principal ativo de nossa organização e pretendemos preservar os mais altos padrões éticos em todas as nossas operações”, declarou um comunicado assinado por Glenn Hutchins e Suzanne Nora Johnson, copresidentes do conselho administrativo.

“Nossa política sobre pesquisas independentes e sobre integridade reflete tais valores”, reafirmaram Hutchins e Johnson às suas equipes.

Em comunicado, Allen não fez qualquer menção ao inquérito em curso. “Embora deixe o instituto com coração pesado, compreendo que é o melhor às partes interessadas neste momento”, declarou o general.

Documentos obtidos pela rede Associated Press e pelo jornal The New York Times indicam que Allen conduziu lobby junto à Casa Branca em 2017, quando Arábia Saudita, Emirados e aliados impuseram um bloqueio ao Catar. A princípio, o presidente Donald Trump pareceu capitular à alegação saudi-emiradense, mas uma intervenção de Allen supostamente alterou sua política.

Autoridades sugeriram que Allen convenceu H.R. McMaster — assessor de segurança nacional da Casa Branca e então general da ativa — a persuadir a administração a adotar um tom mais amistoso. Segundo a denúncia, Allen jamais informou McMaster de que fora remunerado por sua intervenção, o que configura ilegalidade.

O general da reserva não foi indiciado até então e nega qualquer delito.

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Seu porta-voz, Beau Phillips, comentou: “John Allen cooperou voluntariamente com o inquérito do governo sobre a questão. Os esforços de John Allen referentes ao Catar, em 2017, possuíam como objetivo proteger os interesses dos Estados Unidos e das tropas radicadas no Catar. John Allen não recebeu qualquer remuneração por seus esforços”.

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