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Sionismo ‘fracassou’ e Israel está ‘em apuros’, admite lobista

Judeus antissionistas protestam contra a ocupação israelense na Palestina histórica, em Nova York, Estados Unidos, 27 de maio de 2021 [Tayfun Coskun/Agência Anadolu]

Michael Koplow — notório lobista e diretor do Fórum Político de Israel — reconheceu que o projeto de colonização sionista “fracassou” e que o estado ocupante está “em apuros muito maiores do que qualquer um pode compreender”.

Sua organização afirma dedicar-se “ao avanço da solução de dois estados, com intuito de preservar o futuro de Israel como estado judaico, seguro e democrático [sic]”.

Koplow é supostamente o mentor intelectual do grupo de lobby. Sua função é fornecer às autoridades nos Estados Unidos uma visão positiva sobre Israel e conservar assim o apoio americano ao regime de apartheid.

Sua curadoria busca, portanto, representar Israel como uma democracia e uma aliado essencial de Washington perante “ameaças existenciais”. Entretanto, reiteradas denúncias sobre o crime de apartheid conduzido por Israel na Palestina ocupada minaram consideravelmente a imagem e os esforços do lobby sionista.

Em artigo publicado recentemente, Koplow pareceu reconhecer que Israel passou do ponto de redenção. Ao longo da história, muitos colaboracionistas capitularam ao sionismo pela suposta esperança de que a limpeza étnica seria expiada pelo fim da ocupação militar e pela criação de uma nova democracia. Israel, no entanto, entrincheirou seu regime de apartheid.

Koplow comentou sobre um projeto de lei para abolir a bandeira palestina nas terras ocupadas. “Caso empunhar uma bandeira seja uma ameaça à existência de Israel, então não apenas Israel está em apuros muito maiores do que qualquer um pode compreender, como o sionismo em si já fracassou”.

“Bandeiras palestinas nos protestos ou funerais não representam qualquer ameaça tangível à soberania ou segurança de Israel e considerar o contrário trai o profundo e indevido senso de insegurança sobre a legitimidade e durabilidade do estado sionista”, acrescentou.

Koplow expressou repúdio sobre a resposta exagerada de Israel à presença de bandeiras palestinas em atos civis e mesmo no cotidiano.

Contudo, tamanha perseguição compreende décadas de esforços coloniais para criminalizar os símbolos e a identidade nacional do povo palestino, como parte do processo de limpeza étnica procedente da Nakba (em árabe, “catástrofe”), desde 1948.

A bandeira palestina é uma demonstração afetiva e ideológica e tratá-la como arma somente concederá mais pujança como símbolo popular”, advertiu Koplow, ao apontar para o evidente padrão duplo adotado sobre a chamada Marcha da Bandeira — ato convocado por colonos de extrema-direita nas ruas árabes de Jerusalém ocupada, marcado por gritos e ataques racistas.

“Uma ironia particular tomou conta da semana passada, dado argumentos de que marchar pela Cidade Velha com bandeiras israelenses seria uma exposição legítima de orgulho nacional e não ameaça ou incitação contra os palestinos; enquanto isso, outros insistem que sua bandeira seja intrinsecamente ilegítima, portanto, considerada como incitação e ameaça aosisraelenses”.

Koplow admitiu como equívoco a perspectiva da ocupação como conflito entre forças iguais — fato que contradiz a narrativa tradicional do lobby sionista. Por um lado, há um estado nuclear com o maior poderio militar do Oriente Médio; por outro, famílias marginalizadas com pedras nas mãos.

“Israel tem seu estado e opera de uma posição de poder; os palestinos não têm estado e operam de uma posição vulnerável”, prosseguiu Koplow. “Teoricamente, o desequilíbrio tornaria Israel menos sensível a símbolos nacionais; mas não é assim”.

“De fato, a existência e a força do regime israelense — não apenas em relação aos palestinos, mas em termos absolutos — não conseguiram abrandar suas inseguranças”, concluiu Koplow. “Deste modo, bandeiras são ainda tratadas como ameaça existencial supostamente capaz de extinguir o sionismo ou mesmo Israel”.

LEIA: O silenciamento de vozes pelo apartheid israelense

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