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Irã diz que política externa dos EUA é ‘refém’ de Israel

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov (não visto), se encontram em Moscou, Rússia, em 20 de janeiro de 2021 [Dışişleri Basın Servisi/Agência Anadolu]

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse que Teerã está empenhada em chegar a um acordo durante as negociações nucleares de Viena, acrescentando que os interesses e a política externa dos EUA foram “feitos reféns” por Israel, informou a Agência Anadolu.

Falando no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, ele acusou o governo Biden de ser “indeciso” nas negociações para salvar o acordo nuclear de 2015, após a política de pressão máxima do governo anterior contra o Irã.

O evento anual reúne mais de 2.000 representantes de governos, organizações empresariais, sociedade civil e líderes da mídia para discutir os desafios globais.

Em uma sessão moderada por Fareed Zakaria, da CNN, o principal diplomata do Irã disse que Teerã apresentou uma série de iniciativas a Washington para salvar o acordo nuclear, mas o governo Biden vem se arrastando sobre elas.

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A maratona de negociações em Viena para reviver o acordo nuclear de 2015, também conhecido como Plano de Ação Abrangente Conjunto (JCPOA), está atualmente paralisada devido a divergências importantes entre Teerã e Washington.

Amir-Abdollahian disse que a pausa nas negociações se deve à “falta de garantias econômicas” dos EUA e ao fato de o novo governo ter seguido a política do governo de Donald Trump contra o Irã.

Ele disse que o Irã deve desfrutar de “benefícios econômicos totais” do acordo, que deve facilitar a atividade econômica e comercial do país com o mundo.

O diplomata, referindo-se a um dos mais relevantes pontos de discórdia nas negociações – a retirada do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) das Organizações Terroristas Estrangeiras (FTO, na sigla em inglês) – disse que a questão foi ampliada por Israel.

Ele disse que o “fator principal” são os benefícios econômicos totais do acordo para o Irã e seu povo, adicionando que o governo Biden deve “mostrar boa vontade” ao excluir o IRGC.

Amir-Abdollahian acrescentou que o Irã sofre sanções há 40 anos e tem “outras opções diferentes” sobre a mesa se as negociações em Viena não levarem a um “acordo bom e duradouro”.

Ele também falou sobre as negociações para aliviar a tensão com o arqui-inimigo regional, a Arábia Saudita, dizendo que os dois lados fizeram progressos pequenos, mas significativos, e concordaram em manter conversas no nível de ministros das Relações Exteriores em um futuro próximo.

As negociações entre Teerã e Riad estão em andamento desde abril do ano passado, intermediadas pelo governo iraquiano. Apesar das pausas e tensões, ambos os lados notaram progressos.

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Amir-Abdollahian disse que o Irã “sempre manteve a porta aberta” para a Arábia Saudita e está pronto para a normalização dos laços com o vizinho do Golfo, acrescentando que contribuirá para a estabilidade na região.

Suas declarações vieram um dia depois que o ministro das Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhan, disse no fórum de Davos que houve progresso nas negociações com o Irã, acrescentando que “as mãos permanecem estendidas” para Teerã.

Comentando a guerra da Rússia na Ucrânia, Amir-Abdollahian disse que o Irã condena a guerra, bem como os conflitos no Iraque e no Afeganistão, sem mencionar ou condenar o aliado próximo, Moscou. Ele disse que Teerã está disposto a mediar entre os dois países em guerra.

Sobre o Iêmen, o principal diplomata iraniano disse que todos os partidos iemenitas “devem desempenhar um papel” na determinação do futuro de seu país. Ele também denunciou o que chamou de “apoio dos EUA aos terroristas” no país árabe devastado pela guerra.

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