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Líbano realiza primeira eleição legislativa desde explosão em Beirute e colapso fiscal

Eleições gerais em Beirute, Líbano, 15 de maio de 2022 [Houssam Shbaro/Agência Anadolu]
Eleições gerais em Beirute, Líbano, 15 de maio de 2022 [Houssam Shbaro/Agência Anadolu]

Os libaneses registraram seus votos neste domingo (15), na primeira eleição parlamentar desde o colapso econômico, em 2019. Analistas preveem a derrota de políticos considerados culpados pela crise, embora chances de mudanças substanciais sejam pequenas.

As informações são da agência de notícias Reuters.

A eleição de hoje — a primeira desde 2018 — é vista como teste ao Hezbollah, grupo armado ligado a Teerã, assim como a seus parceiros políticos, que detiveram maioria parlamentar em meio à ascensão da pobreza e do descontentamento no país.

Desde 2019, o país é tomado por uma crise financeira cuja responsabilidade remete às elites no poder, segundo estudos do Banco Mundial. Em agosto de 2020, uma enorme explosão no porto de Beirute devastou a capital e alimentou a indignação popular.

Analistas creem que o sentimento pode ajudar candidatos reformistas a vencer algumas vagas, mas há pouca expectativa de mudança substancial no equilíbrio de poder, dado que o sistema político sectário favorece partidos estabelecidos.

“O Líbano merece mais”, declarou Nabil Chaya, de 57 anos, ao votar com seu pai em Beirute. “Não é meu direito, é meu dever — e penso que faz toda a diferença. O povo acordou. Tarde demais? Talvez, mas o povo sente que uma mudança é necessária”.

A crise representa o contexto de maior instabilidade no Líbano, desde a guerra civil, entre 1975 e 1990. A moeda nacional perdeu mais de 90% de seu valor e três quartos da população caíram à situação de pobreza. Neste entremeio, o governo congelou o acesso a poupanças no exterior.

Como sintoma do colapso nacional, alguns colégios eleitorais sofreram blecautes, reportou a imprensa local.

“Eu votei para mudar todo o governo e por uma situação melhor, para que as pessoas tenham emprego e possam se alimentar”, afirmou Khodr al-Ashi, de 62 anos, também na capital. “Está tudo muito caro e não há luz ou água”.

No sul do Líbano, bastião político do Hezbollah, Rana Gharib confirmou ter perdido todas as suas reservas ao longo da crise; no entanto, manteve seu apoio ao grupo.

“Votamos por um ideário, não por dinheiro”, alegou Gharib, cidadã libanesa de mais ou menos 30 anos, que registrou seu voto na aldeia de Yater, ao enaltecer o grupo xiita por “expulsar” as forças de Israel do sul do Líbano, no ano 2000.

Hussein Ismail, de 40 anos, também perdeu recursos, mas manteve seu voto ao movimento Amal, aliado do Hezbollah, liderado pelo atual presidente do parlamento Nabih Berri. “Berri construiu escolas, estradas, hospitais”, insistiu Ismail.

As urnas serão fechadas às 17 horas do horário local (16h00 GMT). Resultados não-oficiais devem ser divulgados ainda neste domingo.

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