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Turquia enfrenta maior crise de habitação de sua história, revela Banco Central

Pessoas retornam às suas casas no bairro de Feslegen, durante os incêndios florestais no distrito de Milas, em Mugla, Turquia, 7 de agosto de 2021 [Ömer Evren Atalay/Agência Anadolu]

A Turquia enfrenta uma das piores crises de habitação de sua história, após diversos problemas econômicos dobrarem o custo dos imóveis no país, reportou o Banco Central.

Conforme relatório anual da instituição sobre os índices de habitação na Turquia, publicado na última semana, o preço médio de uma propriedade em Istambul aumentou de 750 mil liras em 2021 a 1.6 milhão de liras (US$110 mil) no ano atual.

O rápido aumento no custo dos imóveis afetou todo o país. Em Istambul, a carestia chegou a 106.3% entre fevereiro de 2021 e 2022; cidades curdas e periféricas, como Diyarbakir e Sanliurfa vivenciaram aumento de até 111%. O aumento médio na Turquia chegou a 96.4%.

A Turquia vive ainda uma grave crise fiscal, incluindo a desvalorização da moeda no último ano. Dentre as causas: inflação, disparidade entre oferta e demanda, carestia na construção civil e a invasão russa da Ucrânia, que afetou o abastecimento de alimentos e energia.

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Segundo a rede de notícias Middle East Eye, uma tonelada de cimento custava 500 liras (US$60) em setembro, mas chegou a 1.400 liras (US$95) em questão de meses.

Neste entremeio, a inflação atingiu 61.6% em março e os salários não acompanham os valores de habitação: o custo dos imóveis aumentou duas vezes mais que a remuneração média. Além disso, o salário mínimo na Turquia é estimado em apenas 4.253 liras (US$290).

Tais fatores levaram as famílias turcas a uma dificuldade sem precedentes para adquirir casa própria, mesmo apartamentos pequenos.

Ali Kurt, diretor da construtora Kiptas, destacou: “Tornou-se impossível comprar um imóvel dado que o metro quadrado é calculado em cerca de 14 mil liras (US$955) em Istambul. Em outras palavras, um apartamento de 100 m² custa 1.4 milhão de liras (US$95 mil)”.

Outro efeito da crise é uma onda recente de xenofobia no país, dado que nacionalistas turcos culpam os milhões de refugiados e outros imigrantes por “tomar espaço” ao adquirir imóveis.

A presença estrangeira, por sua vez, decorre de incentivos fiscais e civis: todo imigrante que compre uma propriedade de US$400 mil ou mais recebe cidadania turca. Ao menos 293 mil imóveis no valor de US$41.3 bilhões foram vendidos a estrangeiros nos últimos nove anos.

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