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De olho na África, Emirados investe em ministro para relações com o continente

Shakhboot Bin Nahyan, Ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para Assuntos Africanos [@UrugwiroVillage/Twitter]
Shakhboot Bin Nahyan, Ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para Assuntos Africanos [@UrugwiroVillage/Twitter]

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) identificaram benefícios na possibilidade de ampliar sua influência sobre o continente africano, ao designar um ministro extraordinário para tanto.

Segundo o website francês Africa Intelligence, os Emirados possuem relações próximas com presidentes e oficiais de alto escalão em diversos países africanos, por meio dos quais busca mediar a solução da crise sobre a Grande Represa do Renascimento — projeto bilionário da Etiópia na bacia hidrográfica do Nilo.

A reportagem acompanhou os primeiros meses de trabalho do novo Ministro de Estado para Assuntos Africanos, Shakhboot bin Nahyan, de 32 anos. Sua nomeação sucedeu a exoneração do chanceler Anwar Gargash, até então responsável pela pauta.

Segundo as informações, Shakhboot reuniu especialistas sobre o assunto em Abu Dhabi, sob a assinatura de sucessivos acordos de confidencialidade, além de investir grandes quantias para contratar uma equipe técnica de alto nível.

Gargash era um diplomata tradicional adepto de nutrir relações por meio de diálogo e cultura. Shakboot parece distinguir-se por uma abordagem mais informal, para a surpresa de seus homólogos africanos, sobretudo ao comparecer a encontros de cúpula com jeans e tênis.

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Shakhboot aproximou-se do presidente senegalês Macky Sall e seu Ministro da Economia, Planejamento e Cooperação, Amadou Haut. O ministro emiradense e o chefe de governo africano encontraram-se em Dakar em quatro ocasiões.

Sall e Shakboot reuniram-se também em Abu Dhabi, na presença de Mohammed Bin Zayed, príncipe herdeiro e governante de facto dos Emirados Árabes Unidos.

Em outubro, Shakhboot recebeu a Ordem Nacional do Leão, mais alta honraria de Senegal.

Conforme se aproxima a temporada de chuvas e o preenchimento do terceiro reservatório da barragem etíope, Shakhboot busca obter uma vitória diplomática, dado que superar a disputa pode abrir caminho para novos projetos de agricultura e irrigação no Sudão.

No papel, a mediação sobre a Grande Represa do Renascimento cabe à União Africana e há pouca intervenção emiradense. Porém, há interesse e investimento nos atos de Shakhboot.

O dilema, não obstante, permanece aberto e ninguém conseguiu conciliar até então os três países envolvidos: Etiópia, Egito e Sudão.

O Cairo pede por um acordo abrangente que inclua o preenchimento dos reservatórios e a partilha de águas do Nilo. O governo etíope prefere separar os tópicos. Neste entremeio, o Sudão adverte para a falta de dados técnicos do país a montante, que insiste em preservar segredo sobre os detalhes de seu megaprojeto.

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