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Israel torna-se destino favorito de oligarcas russos que fogem das sanções

Protesto em Tel Aviv contra a invasão russa na Ucrânia, 12 de março de 2022 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Israel tornou-se o destino favorito de oligarcas russos que buscam algum refúgio das sanções ocidentais, reportou o jornal Times of Israel. Ao menos 14 jatos privados pousaram no estado sionista nos últimos dias, a fim de driblar as penalidades pela invasão da Ucrânia.

Segundo os relatos, trata-se de um número incomum de aeronaves fretadas que partem da Rússia em direção a Israel, o que representa um possível indício de que bilionários afetados buscam modos de driblar as sanções contra Vladimir Putin e seus colaboradores.

Dados de rastreamento demostram que aviões deixaram a Turquia com destino a Moscou e São Petersburgo, para aterrissar em Tel Aviv. Os passageiros são supostamente oligarcas russos, que usam serviços contratados para omitir sua movimentação.

Israel não se comprometeu com o embargo ocidental sobre a Rússia e seus megaempresários, muitos dos quais de origem judaica. O caráter sionista do estado, que propõe salvo-conduto a judeus estrangeiros para promover a imigração de colonos, efetivamente atrai indivíduos que deixam seu país de origem para fugir da lei ou de sanções.

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Um dos mais conhecidos oligarcas russos é Roman Abramovich, dono da equipe de futebol Chelsea, que compete na Premier League e venceu o Mundial de Clubes da FIFA, em 12 de fevereiro, contra o clube brasileiro Palmeiras.

Abramovich tornou-se alvo de sanções do governo britânico na última semana. Não obstante, conforme a imprensa local, seu jato particular pousou no Aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv, na noite de domingo (13).

Em 2 de março, Abramovich confirmou esforços para vender o Chelsea, dada a situação na Ucrânia. Dez dias depois, a Premier League o destituiu da diretoria do clube.

O bilionário recebeu cidadania israelense em 2018, após seu visto de trabalho britânico ser indeferido. Além disso, doou mais de US$102 milhões a entidades coloniais de ultradireita, responsáveis pelo deslocamento de famílias palestinas de Jerusalém ocupada.

Segundo relatos, o total de suas doações a campanhas sionistas de expropriação da população nativa chega a US$500 milhões. Abramovich também adquiriu ao menos três propriedades em Israel, uma das quais estimada em US$64.5 milhões.

Em carta remitida no início de março, diversas instituições israelenses, incluindo o memorial nacional do Holocausto, Yad Vashem, além de indivíduos de destaque, apelaram aos Estados Unidos para não impor sanções contra Abramovich.

De acordo com o texto, o embargo contra o oligarca diretamente ligado a Vladimir Putin afetaria iniciativas sionistas que dependem de suas doações. Dani Dayan, diretor do Yad Vashem, insistiu que Abramovich é o segundo maior doador do museu, após Sheldon Adelson, falecido magnata dos cassinos, e sua esposa Miriam.

Os Adelsons foram os principais doadores da campanha eleitoral do ex-presidente americano Donald Trump. Miriam e Sheldon foram supostamente cruciais para convencê-lo a transferir a embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv a Jerusalém ocupada.

Os recursos de Abramovich incluem ao menos dois iates de luxo, um dos quais aportado na costa da Itália. Fontes israelenses indicam que os iates também estão a caminho do estado sionista, aparentemente para assegurar que não sejam apreendidos.

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