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Indignação no Egito: Shady Khalaf é condenado a apenas três anos por assédio sexual

Penitenciária de Tora, no Cairo, capital do Egito [KHALED DESOUKI/AFP via Getty Images]

Shady Khalaf, acusado de assédio sexual e tentativa de estupro contra sete mulheres que participavam de uma oficina de teatro, foi condenado a apenas três anos de prisão pelas autoridades do Egito. Membros do público manifestaram sua indignação.

Em junho, outro ator — Abd El-Rahman Magdy — publicou nas redes sociais uma série de testemunhos das mulheres assediadas por Khalaf. Segundo os relatos, Khalaf convencia as vítimas a permanecerem depois do horário de suas aulas, para praticar atuação.

Nos últimos meses, diversos casos de abuso sexual, estupro e extorsão online chamaram atenção para a vulnerabilidade das mulheres no Egito.

Apesar de algumas ações para conter a indignação pública, ativistas insistem que o regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi não ouve honestamente as demandas do movimento #MeToo que tomou o país.

Na prática, o governo buscou instituir medidas que reforçam práticas de tutelagem, assédio e violência de gênero. No início de 2021, as autoridades propuseram uma lei para permitir que familiares masculinos anulassem o casamento dentro de um ano em nome da esposa.

Outros exemplos incluem perseguição judicial contra usuárias das redes sociais, acusadas de “devassidão” e “violação dos valores familiares”.

LEIA: Corte no Cairo adia julgamento de influencer acusada de ‘tráfico humano’

Nesta semana, o Tribunal Penal do Cairo adiou o julgamento de Haneen Hossam, sentenciada a dez anos de prisão, — mais de três vezes a punição de Khalaf. A jovem influencer foi acusada de “tráfico humano” ao explicar a suas seguidoras como ganhar dinheiro nas redes sociais.

Alguns usuários online observaram que a sentença de Khalaf é particularmente baixa, quando comparada a prisioneiros políticos acusados de “propagar notícias falsas” — isto é, críticas ao regime militar do presidente Sisi.

Usuários online constatam disparidade nas sentenças de estupro e acusações políticas no Egito

Nesta semana, foi confirmado que os blogueiros Mohamed Oxygen e Alaa Abdelfattah e o advogado de direitos humanos Mohamed Baqer, não terão os dois anos que passaram em “prisão preventiva” deduzidos de suas penas de quatro a cinco anos de cadeia.

Os três foram aprisionados por postagens nas redes sociais que denunciavam as violações de direitos humanos no Egito, corroboradas pela Federação Internacional de Direitos Humanos. Mona Seif, irmã de Alaa, destacou no Twitter a disparidade entre as sentenças.

Tradução:

Esta é a postagem que pôs Alaa na prisão por cinco anos.

E este é o homem que foi julgado hoje por agredir de maneira indecente sete mulheres, condenado a três anos de prisão.

Sim! Cinco anos de prisão por apenas uma frase, “um segundo assassinato em uma repartição policial”, comparado a três anos para um criminoso que atacou sete mulheres — basicamente quatro meses para cada vítima!

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