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Israel diminui venda de spyware de uso político para conter escândalo global

Website da empresa israelense NSO, responsável por desenvolver o spyware Pegasus, em 21 de julho de 2021 [JOEL SAGET/AFP via Getty Images]

Israel proibiu a venda dos produtos de espionagem cibernética do Grupo NSO a 65 países, incluindo regimes árabes que recentemente normalizaram laços com a ocupação.

Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Arábia Saudita estão entre as dezenas de países que não terão mais acesso ao infame spyware Pegasus.

A decisão do Ministério da Defesa para reduzir drasticamente o número de clientes do Grupo NSO é considerada uma tentativa desesperada para conter o escândalo global concernente ao uso de tecnologia israelense por regimes autoritários em todo o mundo.

Resultados de uma investigação divulgados em julho revelaram que cerca de 50 mil telefones foram alvo de vigilância ilegal por meio do aplicativo israelense. Dentre os alvos, estão jornalistas, ativistas e grupos de direitos humanos e mesmo políticos.

O Grupo NSO ganhou as manchetes após o assassinato de Jamal Khashoggi — colunista saudita radicado em Washington —, três anos atrás. Membros de seu círculo íntimo foram espionados pela plataforma israelense, adotada por autocratas contra eventuais dissidentes.

Nesta semana, a corporação Apple registrou um processo contra a empresa e sua matriz OSY Technologies, para impedir o uso do spyware contra iPhones e outros aparelhos.

Previamente, em decorrência das denúncias, o governo americano do presidente Joe Biden decidiu também proibir negócios com a fabricante do aplicativo espião.

LEIA: Empresa israelense de spyware acumula US$500 milhões em dívida

A série de contratempos forçou o Grupo NSO a uma dívida estimada em US$500 milhões.

Relatos compartilhados por fontes do mercado israelense demonstram que Tel Aviv busca a todo custo reparar os danos impostos a seu país pelo recente escândalo.

Outros 37 países ainda podem adquirir o spyware israelense — no entanto, queda considerável dos 102 consumidores licenciados no início do mês.

Cerca de outras 500 desenvolvedoras de aplicativos de espionagem podem ser ainda afetadas, dado o papel da ocupação como exportador majoritário dessa tecnologia.

Segundo a Anistia Internacional e o projeto Citizen Lab, da Universidade de Toronto, países como Marrocos, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e México estão entre consumidores da ferramenta Pegasus para fins de vigilância política.

Marrocos e Emirados normalizaram laços com Israel no último ano.

LEIA: Israel é o maior exportador mundial de crimes cibernéticos

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