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Diretora da Universidade de Cartum renuncia em protesto a novo acordo de governo

Fadwa Abdel Rahman, diretora da Universidade de Cartum [staffpages.uofk.edu]

Fadwa Abdel Rahman, diretora da Universidade de Cartum, mais antiga instituição acadêmica do Sudão, anunciou sua renúncia, em protesto ao acordo firmado entre o comandante do exército, Abdel Fattah al-Burhan, e o chefe do governo transicional, Abdalla Hamdok.

O novo acordo político para reintegrar o gabinete civil busca encerrar a recente crise que culminou na destituição do governo transicional pelas Forças Armadas.

Em nota, declarou Fadwa: “Eu, Fadwa Abdel-Rahman Ali Taha, anuncio minha demissão válida e fundamentada do cargo de diretora da Universidade de Cartum, em repúdio e protesto ao acordo político assinado hoje entre Abdel-Fattah al-Burhan and Abdalla Hamdok”.

Fadwa justificou sua posição em “lealdade aos 40 mártires deixados desde o golpsude militar contra a legitimidade constitucional, em 25 de outubro, e subsequente prisão do primeiro-ministro Abdalla Hamdok e diversos membros de seu governo, além da dissolução do governo designado para administrar os assuntos nacionais”.

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Em outubro, o general sudanês declarou “estado de emergência”, para depôr o Conselho Soberano, governadores e ministros, e aprisionar líderes partidários e oficiais. Em contrapartida, protestos tomaram as ruas do Sudão denunciando um golpe militar.

No domingo, al-Burhan e Hamdok assinaram um acordo sob forte pressão internacional e manifestações domésticas, que reivindicavam o retorno do governo civil.

O novo pacto abrange 14 itens, dentre os quais a restauração de Hamdok como premiê, a libertação dos presos políticos e um compromisso conjunto em nome do caminho democrático.

O acordo reafirma ainda o documento constitucional como alicerce da transição política no país. Porém, sugere emendas consensuais, para asseverar que toda a sociedade participe do processo — salvo o Partido do Congresso Nacional, deposto do poder em 2019.

O documento formaliza as estruturas de poder durante o estágio transicional, desde de agosto daquele ano, com duração prevista de 53 meses, culminando em eleições gerais em 2024.

Nesse entremeio, o governo deve ser compartilhado pelo exército, componentes civis e movimentos armados, que assinaram um armistício em 3 de outubro de 2020.

O arranjo estabelece também que o Conselho Soberano deve supervisionar a implementação do processo, sem interferência nas atividades executivas nacionais.

Burhan insiste que as medidas de 25 de outubro foram adotadas para proteger o Sudão de um “perigo real”, ao acusar supostos opositores de “semear o caos”.

Exército do Sudão toma o poder e prende premiê Abdalla Hamdok [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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