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EUA se reaproximam da Unesco; planejam revogar lei antipalestina

Vista geral da 40ª sessão da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), na sede da entidade em Paris, França, 13 de novembro de 2019 [Mustafa Yalçin/Agência Anadolu]

Os Estados Unidos deram início a esforços para reingressar na Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), quatro anos após o ex-presidente Donald Trump retirar o país da entidade sob acusações de enviesamento anti-israelense.

As informações são da agência Reuters, corroboradas por fontes diplomáticas e parlamentares.

Washington concedia um quinto dos recursos destinados à agência da ONU. Todavia, Barack Obama — predecessor democrata de Trump — deixou de pagar suas parcelas em 2011, quando a Palestina tornou-se membro integral da organização.

Quando deixou a Unesco, os Estados Unidos deviam US$542 milhões.

Obama promulgou a saída após a Palestina tornar-se membro integral da entidade.

Segundo uma legislação antipalestina aprovada pelo Senado, o estado americano teria de retirar-se da Unesco e outros fóruns internacionais, caso os palestinos se filiassem integralmente a outras agências das Nações Unidas

Encorajado pelo governo de Joe Biden, o Comitê de Apropriações do Senado introduziu uma proposta nesta semana para revogar a lei — não obstante, a ser aprovada em ambas as câmaras do legislativo americano, ainda sem data marcada.

O recuo da Casa Branca pode ocorrer caso o presidente e congressistas considerem que reingressar na Unesco é fundamental para combater a influência da China na comunidade internacional ou promover outros interesses americanos.

Israel reiterou-se da agência na mesma ocasião que os Estados Unidos. Uma fonte da diplomacia ocidental, em condição de anonimato, sugeriu que Tel Aviv deseja retornar ao fórum assim que possível, mas aguarda a iniciativa de Washington.

A Unesco descreveu em nota a eventual readmissão de ambos os países como “boa notícia”, mas que um cronograma e metodologia serão ainda definidos.

Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, provavelmente reeleita no próximo mês, viajou aos Estados Unidos em setembro e conversou com a primeira-dama Jill Biden — além de senadores — para retomar a colaboração a programas de ensino de sua entidade.

A chancelaria israelense declinou qualquer comentário sobre um potencial retorno à agência das Nações Unidas, mais conhecida por designar e proteger patrimônios científicos e arqueológicos da humanidade, como Galápagos ou as tumbas de Timbuktu.

Segundo diplomatas, a despeito de tensões no passado, israelenses e palestinos desejam cooperar agora sob mediação da Unesco — mesmo embora Tel Aviv não seja membro.

Israel e a Unesco

Israel filiou-se à Unesco em 1949 e deixou o fórum em 2019.

O governo da ocupação israelense condenou a agência das Nações Unidas por adotar diversas resoluções sobre os direitos palestinos em Jerusalém e Hebron (al-Khalil).

Em outubro de 2017, a Unesco decidiu listar a cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, e a Mesquita Abraâmica (Túmulo dos Patriarcas), como patrimônio mundial.

No mesmo ano, a entidade vetou conexões entre a Mesquita de Al-Aqsa e o judaísmo, o que enfureceu colonos que insistem em reconhecer o local como “Templo do Monte”.

Em maio de 2018, a Unesco designou Israel como “potência ocupante”. No mês seguinte, condenou atividades ilegais israelenses em Jerusalém Oriental e classificou a Cidade Velha de Jerusalém e suas muralhas como patrimônios em risco.

Em resposta, Washington e Tel Aviv cortaram doações, ao acusar a agência de “antissemitismo”.

LEIA: A diplomacia brasileira na ONU e a questão palestina

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