Prisioneiros recapturados dizem que as condições desumanas na prisão de Israel levaram à fuga da prisão

Torre de vigilância na penitenciária de segurança máxima de Gilboa, no norte do território considerado Israel, em 6 de setembro de 2021 [JALAA MAREY/AFP via Getty Images]

O suposto tratamento desumano dos prisioneiros palestinos dentro da prisão de alta segurança de Gilboa em Israel, bem como a morte do líder da resistência Kamal Abu Waer – que morreu de câncer após não receber tratamento médico dentro do cárcere-, atuaram como um catalisador para a conspiração e execução da fuga da prisão, disse dois palestinos recapturados na quinta-feira, segundo a Agência Anadolu.

Mahmoud al-Arida, 46, e Muhammed al-Arida, 39, contaram em duas mensagens separadas, apresentadas pela Comissão Palestina de Assuntos Prisionais e pela TV Palestina, sobre as condições desumanas dentro da prisão de Gilboa, assim como os duros interrogatórios desde sua recaptura.

Seis prisioneiros palestinos saíram da prisão de Gilboa em 6 de setembro. Entretanto, Zakaria Zubeidi, Mahmoud al-Arida, Yakub Qaderi e Mohammad al-Arida foram recapturados pelas forças israelenses após cinco dias de perseguição. Suspeita-se que o cérebro por trás da fuga da prisão tenha sido Mahmoud al-Arida, informou a Anadolu.

Mahmoud al-Arida disse que o túnel foi escavado em resposta à morte de Kamal Abu Waer em 10 de novembro de 2020.

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Segundo a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS), Waer morreu devido a “negligência médica” israelense dentro da cadeia onde sofria de câncer de garganta e não recebeu os cuidados adequados.

Waer, nativo de Qabatiya, no norte da Cisjordânia, foi preso em 2003 e condenado a seis penas de prisão perpétua e mais 50 anos de prisão por resistir à ocupação israelense.

Outro motivo para a fuga, segundo Mahmoud al-Arida, foi um desejo de liberdade de longa data.

O túnel foi cavado por uma série de outras razões, incluindo as más condições dentro da prisão e a horrível situação dos prisioneiros, o terrível isolamento e a recusa das exigências da greve dos prisioneiros em grande escala em 2017, acrescentou al-Arida.

Ele dedicou a “vitória” (a fuga da prisão) a Kamal Abu Waer e Muhammad al-Ashgar, que foram mortos durante a repressão aos prisioneiros da Prisão de Negel, bem como aos mártires do movimento carcerário, dizendo que o túnel foi chamado pelos prisioneiros de “o caminho para Jerusalém”.

Muhammed al-Arida disse ter sido mantido na mesma cela por 24 horas desde que foi recapturado há nove dias. “Não há nada na cela, a não ser os muros. Não vejo ninguém, e tento ir em direção à pequena janela da cela da prisão em busca de água e outras necessidades”, disse ele.

Alegando que a fuga da prisão era seu “direito legal”, ele disse que as condições de vida nas celas são “muito duras, muito frias”, acrescentando que ele não tem permissão para trocar de roupa desde sua recaptura.

“Eu não sou um terrorista”, comentou al-Arida em resposta ao fato de Israel o ter rotulado como terrorista. “Vocês são ocupantes, e têm aterrorizado a nós, o povo palestino, e nós estamos nos defendendo”.

Os palestinos comemoraram a fuga da prisão como uma grande vitória, enquanto os israelenses a descreveram como uma grande falha de segurança e inteligência.

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