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Sem tratamento na prisão, ex-prisioneiro palestino morre de câncer

Hussein Masalma em tratamento no hospital [Reprodução/Mídias Sociais]

O ex-prisioneiro palestino Hussein Masalma, de 39 anos, morreu nesta quarta-feira a noite em um hospital de Ramallah após não ter recebido tratamento médico para o seu câncer dentro da prisão da ocupação israelense.

A Comissão de Assuntos dos Prisioneiros anunciou em uma declaração à imprensa que Hussein Masalma, morreu no Hospital al-Istishari, em Ramallah, devido a complicações resultantes de negligência médica israelense e procrastinação no momento em que ele estava sob custódia. Ele foi preso em 2002 e condenado a 20 anos de prisão;  tendo sido libertado em fevereiro deste ano, após grave piora em sua saúde e pressão de organizações de direitos humanos, que alertavam que ele poderia morrer a qualquer momento.

Segundo o diretor da Comissão, Munqeth Abu-Atwan, ele sofreu de dores durante mais de dois meses, durante os quais o Serviço Prisional Israelense (IPS) procrastinou para hospitalizá-lo. Abu-Atwan disse também que o IPS deteve Masalma na prisão de Naqab, no sul de Israel, e o submeteu a negligência médica sistemática, causando uma grave deterioração de sua condição; acrescentando que, ao ser internado no hospital, Masalma já sofria de leucemia em fase terminal.

Depois de servir 19 anos nas prisões israelenses, Masalma foi libertado em 14 de fevereiro, quando sua condição se tornou crítica demais, pois Israel negou-lhe cuidados médicos urgentes e a negligência de Israel causou-lhe uma morte lenta inevitável, informou a WAFA.

Quando o prisioneiro político Masalma, da cidade de al-Khader, ao sul de Belém, na Cisjordânia ocupada, começou a sofrer com maiores complicações e dores agudas no final de 2020, Israel demorou mais de um mês para enviá-lo à clínica do campo de detenção do Deserto de Negev, só o transferindo para um hospital israelense quando sua condição tornou-se muito grave, e os médicos o diagnosticaram com Leucemia em Fase Final. Ele estava no centro médico israelense Hadassah, antes de ser enviado, há uma semana, para o Hospital Árabe Istishari, em Ramallah.

Sua libertação ocorreu após vários recursos, deliberações e atrasos por parte dos tribunais israelenses antes de seu advogado apresentar um recurso junto ao Supremo Tribunal Israelense.

Em uma entrevista com o Centro de Informação Wadi Hilweh em Silwan (Silwanic), em fevereiro deste ano, Masalma declarou que ele sofria sintomas há dois anos, mas os médicos israelenses não fizeram um diagnóstico preciso de sua condição.

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“Por mais de dois anos eu tenho sofrido e eles não puderam diagnosticar minha condição atualmente”, disse ele, “não sou só eu, há muitos detentos sofrendo de condições graves”.

Após a morte do detento, vários grupos políticos palestinos declararam uma greve geral, nesta quinta-feira, e apelaram para protestos populares maciços em toda a Cisjordânia ocupada, durante e após sua procissão fúnebre.

A Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS) considera Israel totalmente responsável por sua morte, especialmente porque ele sofreu negligência médica enquanto estava na prisão, e só começou a receber tratamento quando sua condição se tornou grave. E alertou que muitos prisioneiros políticos palestinos, especialmente aqueles que foram mantidos em cativeiro por Israel por mais de 20 anos, estão enfrentando sérias condições de saúde, inclusive câncer.

O PPS pediu a vários grupos regionais e internacionais de direitos humanos e legais, incluindo a Organização Mundial da Saúde, que agissem para garantir a libertação de todos os prisioneiros palestinos doentes das prisões de Israel e que enviassem um comitê médico independente para examinar esses casos.

 

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