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Relembrando o golpe do Chile e a morte de Salvador Allende

Palácio La Moneda, em Santiago, é atacado por soldados em 11 de setembro de 1973 [AFP/ Getty Images]

Após intensa campanha de desestabilização do Chile patrocinada pelos Estados Unidos, o Palácio Presidencial La Moneda foi bombardeado, atacado por terra e ar, dando início a uma ditadura militar de 17 anos sob o comando do general Pinochet.

O que – Golpe Militar no Chile

Quando – 11 de setembro de 1973

Onde – Palácio de La Moneda

O que aconteceu 

Na manhã de 11 de Setembro de 1973, o presidente Salvador Allende dirigiu sua última mensagem de rádio ao povo chileno.  Comunicou que não deixaria o Palácio La Moneda, cercado por terra e ar.

O locutor da Rádio Corporación, emissora sindical, ainda fez um apelo à resistência popular contra o golpe: “Aviões da Força Aérea chilena atacaram o prédio da Rádio Corporación. Isso significa que é preciso contar com lutas em todas as fábricas. Isso significa que todos os sindicatos devem entrar em contato com os cinturões industriais e esses, por sua vez, com a central sindical única CUT, a fim de preparar-se para o que necessariamente virá. O importante nesse momento, camaradas, é que o povo esteja unido, venha o que vier! Cada fábrica, cada latifúndio, cada bairro pobre deve transformar-se numa fortaleza popular. Mas temos de manter a tranquilidade, pois somente assim poderemos estar preparados para o que vier. Apesar de tudo isso, temos de manter a cabeça fria e o coração quente.”

Allende ainda assegurou que a filha Beatriz e  colaboradores deixassem o palácio.

 

LEIA: Relembrando o golpe militar no Brasil

Mas quase ao meio-dia ,  os aviões  da Força Aérea Chilena dispararam foguetes contra o prédio. O governo instalado no La Moneda, entre destruição e fogos de incêndio, caiu sob o bombardeio e o cerco militar comandado pelo general Pichochet, seu general da Guerra.

Allende foi encontrado morto no salão principal. Décadas depois, uma investigação atestou suicídio. Nas palavras do  juiz Mario Carroza  em 2012, Allende, na sala Independência, no segundo andar,  “senta-se em um sofá, coloca o rifle que carregava entre as pernas e encosta-o no queixo, ele o aciona, morrendo instantaneamente.”

O que aconteceu antes 

Eleito presidente do Chile, Salvador Allende foi considerado uma pedra no sapato  dos Estados Unidos, pelas posições socialistas que ameaçavam a violenta hegemonia americana que vinha sendo imposta na região. O Brasil já havia caído em mãos dos militares. A ofensiva contra o Chile começou pela tentativa de inviabilizar sua economia e barrar as reformas pretendidas por Allende.

Para forçar a queda no preço do cobre, principal produto de exportação chilena, os Estados Unidos lançaram as suas reservas de cobre no mercado mundial.

Apesar do cerco, Allende ainda confiava na resistẽncia do Estado chileno e chegou a escrever:  “Um país no qual a vida pública está organizada por instituições civis, as quais se apoiam em Forças Armadas com um elevado grau de formação profissional e permeadas de profundo espírito democrático; um país de quase dez milhões de habitantes que produziu dois portadores do prêmio Nobel de Literatura dentro de uma única geração, Gabriela Mistral e Pablo Neruda, ambos filhos de simples trabalhadores”.

Mas era ilusório o “profundo espirito democrático das Forças Armadas” que obedeceram as ordens do governo americano de Richard Nixon, de quem também conseguiram apoio logísticoobteve para o golpe, que foi gramado para ocorrer em 11 de Setembro. O motivo era a facilidade de uma comemoração prevista para a data.

O exército estaria concentrado em Santiago para uma celebração chamada “As Glórias do Exército”.

O que aconteceu depois

Imediatamente após o golpe, foi criada uma junta militar composta pelo General Pinochet pelo Exército, o almirante José Toribio Merino pela Marinha, o General Gustavo Leigh pela Força Aérea e o General César Mendoza pelos   Carabineros (polícia nacional). A junta suspendeu a Constituição e o Congresso, impôs censura e toque de recolher estritos, baniu todos os partidos e suspendeu todas as atividades políticas e supostamente subversivas. E finalmente entregou a presidência do país a Pinochet.

O regime militar chefiado por ele duraria 17 anos e deixaria pelo menos 40.000 vítimas, incluindo mais de 3.000 mortos, segundo o trabalho realizado por diferentes comissões após o retorno da democracia em 1990.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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