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América foi derrotada porque os donos da terra se levantaram

Acting Defense Secretary Patrick M. Shanahan shakes hands with Afghan commandos at Camp Commando, Afghanistan, Feb. 11, 2019.
Acting Defense Secretary Patrick M. Shanahan shakes hands with Afghan commandos at Camp Commando, Afghanistan, Feb. 11, 2019.

Não é uma condição que você concorde com o movimento Talibã, ou com a resistência do povo afegão que enfrentou a presença do  ocupante americano por duas décadas ou mais no Afeganistão.

Certamente o Talibã  não derrotou militarmente a América, que possui um arsenal absolutamente incomparável neste país. Mas a América não conseguiu nada desde que chegou há vinte anos até hoje, e a verdade é que seus agentes saíram em fuga, uma derrota humilhante em todos os sentidos.

O movimento Talibã, que defendeu ferozmente a sobrevivência em suas terras nestas duas décadas, foi o porta-voz de uma resistência mais profunda. Não importa quanto tempo o ocupante fique, há um limite ao qual não pode resistir, quando  os donos da terra  não desistem de se levantar.

O presidente atual dos Estados Unidos, Joe Baden se atreveu a anunciar que não legaria a guerra do Afeganistão a um quinto presidente dos Estados Unidos da América depois de George Bush, Donald Trump e Barack Obama, e ele sendo já o quarto, porque a guerra no Afeganistão esgotou os Estados Unidos sem nenhum progresso .

Contra o movimento Talibã, nenhum deles teve sucesso. Pelas estimativas mais baixas, a guerra no Afeganistão custou cerca de 800 bilhões de dólares aos EUA e seus soldados mataram cerca de 2.500 pessoas ao longo das duas décadas.

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 Obama tentou. Mas teve dois discursos sobre o Iraque e o Afeganistão. Ele disse que a guerra no Iraque era uma guerra de escolha, já que não havia armas de destruição em massa lá,  ao contrário do que indicavam relatórios falhos do antecessor. Então, ele decidiu reduzir as forças do exército americano no Iraque e o fez. Mas quando falou sobre o Afeganistão, disse que era uma guerra necessária para derrotar o terrorismo e estabelecer um estado democrático.  Aumentou as forças dos EUA naquele país em 2009, mas no fim seu exército dos EUA sofreu perdas e, mais importante, não atingiu o que era necessário.

Em 2017,  o governo seguinte, de Donald Trump lançou a GBU-43/B, que pesa 9,8 toneladas e é a maior arma não nuclear do arsenal dos EUA, enorme, poderosa e precisa. É uma bomba devastadora contendo 8.480 kg de explosivo H6 e seu poder é equivalente a 11 toneladas de TNT.  A bomba que mata com uma onda de pressão aérea foi lançada no distrito de Achin, na província oriental de Nangarhar, com a aprovação do presidente norte-americano, justificada pela afirmação falsa de que seu alvo seria o último reduto da insurgência, que estaria praticamente eliminada no restante do país.

A pergunta sobre qual foi a verdaderia extensão da destruição causada por esta bomba ninguém respondeu ainda, nem quantas mortes resultaram dela.

Como disse o oficial americano Timothy Kudow em seu artigo para o jornalista do New York Times da Marinha dos EUA que serviu no Iraque e no Afeganistão, sacrificamos nossas vidas por uma mentira.

As questões que os Estados Unidos afirmam defender, como a liberdade das mulheres, democracia e direitos humanos permanecem em dúvida quando a violência do país ocupante atinge a toda população em nome de uma pretensa normalidade imposta com armas de fora para dentro. O mundo viu como a guerra na Síria deslocou mais de 8 milhões de cidadãos sírios, sem nenhuma consciência mundial capaz de socorrê-los. Também estamos  testemunhando os efeitos do cerco brutal imposto à Faixa de Gaza pela  ocupação sionista e seus agentes por mais de 15 anos.

Os afegãos anteriormente derrotaram a União Soviética em uma guerra que durou de 1979-1989 e hoje derrotam os americanos em uma guerra que durou de 2001-2021.

O fato é que os ocupantes, mesmo sendo as grandes potências  imperialistas, não ficarão em uma terra que não seja a sua, onde só conseguem  gerar mais destruição, violência e revolta que se acumula. Não importa quanto tempo leve, o legítimo dono do direito, por mais fraco que seja, chegará um dia com sua determinação, esperança, persistência, sacrifício, e também sua fé.  Não importa a religião que você siga, a que raça você pertença, que idioma você fale, todos os povos querem ter o direito de viver sem ocupação estrangeira de sua terra.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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