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Repatriação de iraquianos na Síria ajuda a derrotar o Daesh, alega comandante dos EUA

Refugiados em fila para obter água no campo de al-Hawl, Síria, 29 de janeiro de 2017 [Delil Souleiman/AFP/Getty Images]
Refugiados em fila para obter água no campo de al-Hawl, Síria, 29 de janeiro de 2017 [Delil Souleiman/AFP/Getty Images]

O comandante militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, general Frank McKenzie, expressou seu otimismo e apoio ao programa iraquiano de repatriação de seus cidadãos mantidos no infame campo de refugiados de al-Hawl, no nordeste da Síria.

Segundo McKenzie, trata-se de um primeiro passo para reagir a ameaças iminentes do grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh).

Al-Hawl é um dos maiores e mais povoados campos de refugiados na região, controlado por grupos paramilitares curdos no norte da Síria, com cerca de 65 mil habitantes, incluindo muitos órfãos e viúvas de combatentes do Daesh.

Nesta semana, Bagdá planeja repatriar cem famílias iraquianas radicadas no campo, como parte de esforços internacionais para atenuar a crise humanitária local e conter riscos de tornar-se um terreno fértil para o extremismo.

Em entrevista à ABC News e Associated Press, na última sexta-feira (21), durante visita a bases americanas no nordeste sírio, McKenzie descreveu o plano do governo iraquiano como “primeiro passo a muitas repatriações”.

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“Penso que será a chave para reduzir a população em al-Hawl e outros campos por toda a região”, declarou. “As nações precisam repatriar seus cidadãos, reintegrá-los, desradicalizá-los, caso necessário, e convertê-los em elementos produtivos da sociedade”.

McKenzie, entretanto, repercutiu apreensões longevas sobre sementes de extremismo plantadas entre as crianças dos campos, com suposto potencial de serem recrutadas como uma nova geração de combatentes do Daesh.

“O que me preocupa é a habilidade do ISIS [Daesh] de alcançar esses jovens de modo que … nos faça pagar um alto preço mais adiante”, reiterou.

Nos últimos meses, células do Daesh lançaram ataques cada vez mais frequentes, embora dispersos, contra tropas de segurança na Síria e Iraque, incitando receios de que o grupo terrorista possa ressurgir três anos após sua derrota pela coalizão internacional

O vice-comandante da coalizão — o general-brigadeiro britânico Richard Bell — também declarou que o grupo terrorista “tenta reconstituir-se” e “não foi embora”, apesar da derrota territorial, razão pela qual ainda é necessária a presença estrangeira na região.

A declaração de Bell ecoa o desejo do governo iraquiano — a despeito do parlamento e da opinião pública — de manter tropas estrangeiras no país, como forma de garantir a segurança.

“Até que as últimas reminiscências sejam absolutamente derrotadas e que a vontade de sua restituição seja também frustrada, acredito que há ainda a necessidade de auxiliarmos nossos parceiros”, declarou o comandante britânico.

Apesar da repatriação, a perspectiva das famílias majoritariamente sunitas que retornam ao Iraque tende a ser desoladora. Grupos paramilitares xiitas — ligados ao Irã — as consideram como simpatizantes do Daesh e o governo as marginaliza.

Em janeiro último, por exemplo, centenas de sunitas mantidos nos campos de detenção foram sentenciados à pena capital, por suposta ligação com bombardeios suicidas em Bagdá.

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