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Polícia usou software israelense para capturar dados e provas no caso Henry

Delegado Henrique Damasceno (ao centro) fala na coletiva de imprensa da Polícia Civil sobre o caso do menino Henry Borel, em Rio de Janeiro, 8 de abril de 2021 [divulgação]

A Polícia Civil do Rio de Janeiro utilizou um software israelense para recuperar mensagens apagadas de celulares no caso Henry Borel. Os dados recuperados provam que o padrasto de Henry, Dr. Jairinho, agredia o menino com o conhecimento da mãe, Monique Medeiros. Ambos foram presos temporariamente nesta quinta-feira (8) por atrapalharem as investigações.

Segundo o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), o programa Cellebrite Premium “contribuiu de maneira muito importante para a investigação”.”O governador Cláudio Castro, sensibilizado com esse caso, liberou verba no último dia 31 e conseguimos adquirir esse equipamento de última geração, que foi fundamental para o esclarecimento desse caso. Conseguimos obter provas importantíssimas que levaram o delegado a solicitar o pedido de prisão à Justiça. O Ministério Público nos apoiou integralmente e hoje efetuamos a prisão do casal”, informou Antenor Lopes.

O programa comprado para conseguir as provas desse caso foi o software israelense Cellebrite Premium, serviço que permite desbloqueio de celulares e recuperação de dados apagados, voltado para o uso de autoridades policiais ou para compradores na internet. A empresa oferece os produtos e treinamento, “Independentemente de sua organização estar ou não lidando com litígios, investigações corporativas ou resposta a incidentes”, conforme anúncio no site que convida “desbloqueie e extraia evidências cruciais de dispositivos móveis em todos os dispositivos iOS e Android de última geração”. A Polícia Federal também usa serviços da Cellebrite, o produto é o Dispositivo de Extração Forense Universal, um aparelho que desbloqueia dispositivos e foi utilizado nas investigações da Lava Jato.

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Com a tecnologia, a polícia do Rio encontrou uma conversa em que a babá do menino Henry Borel relatava para a mãe Monique as agressões de Jairinho contra o menino. A babá afirmava para a mãe, em tempo real, que o menino estava preso no quarto com Jairinho, e, depois, ao sair, continuou informando que o Henry estava amedrontado, reclamava de dor, contando que levou rasteira e chutes. Ela também enviou um vídeo da criança mancando.

O menino de quatro anos, Henry Borel Medeiros, morreu no apartamento que morava com o casal no dia oito de março de 2021. O casal alegou que ele teria sofrido um acidente, mas o menino tinha diversas lesões graves no corpo. A hipótese de acidente foi descartada quando a perícia apontou que a causa da morte foi hemorragia interna e laceração no fígado causada por uma ação contundente. Jairinho e Monique são investigados por homicídio duplamente qualificado.

O delegado responsável pela investigação, Henrique Damasceno, afirmou que “não resta a menor dúvida, em relação aos elementos que nós temos, sobre a autoria do crime, dos dois”. Ele acredita que o vereador Dr. Jairinho agrediu o menino, causando sua morte e a mãe dele, Monique Medeiros, foi conivente. Entretanto, a investigação ainda está em andamento.

“Hoje temos todos os elementos probatórios e podemos sim afirmar que temos provas que essa criança [Henry] foi assassinada e não foi vítima de um acidente doméstico. O Cellebrite foi uma prova técnica essencial, muito forte, onde o delegado [Damasceno] embasou seu pedido de prisão, que é corroborado pelo Ministério Público e acabou sendo deferido pela juíza do 2º Tribunal do Júri”, disse Lopes durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira.

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