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Novo chanceler afirma que atuação diplomática para vacinas não terá ideologias

Novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, discursa em cerimônia de posse no Palácio do Planalto, em 6 de abril de 2020

Nesta terça-feira (6), aconteceu a posse de Carlos Alberto Franco França como novo ministro das Relações Exteriores no Palácio do Planalto. No seu discurso, França disse que o momento era de urgências na saúde, economia e desenvolvimento sustentável. Na mesma cerimônia sem cobertura da imprensa, outros cinco ministros também tomaram posse.

O embaixador agradeceu o antecessor Ernesto Araújo pelo apoio na transição e afirmou que o seu compromisso no combate à pandemia de coronavírus “é engajar o Brasil em intenso esforço de cooperação internacional, sem exclusões. E abrir novos caminhos de atuação diplomática, sem preferências desta ou daquela natureza”. O ministro anterior, Ernesto Araújo, foi muito criticado por conduzir a política externa com base em ideologias, isolando o país e inviabilizando a compra de vacinas. Sua política externa foi marcada pelo alinhamento com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e por conflitos com a China, país que chamou de “comunavírus”.

“As Missões diplomáticas e Consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados numa verdadeira diplomacia da saúde. Em diferentes partes do mundo, serão crescentes os contatos com governos e laboratórios, para mapear as vacinas disponíveis. Serão crescentes as consultas a governos e farmacêuticas, na busca de remédios necessários ao tratamento dos pacientes em estado mais grave. São aportes da frente externa que podemos e devemos trazer para o esforço interno de combate à pandemia. Aportes que não bastam em si, mas que podem ser decisivos.”, disse França.

Ele disse que está trabalhando com a Organização Mundial do Comércio em uma iniciativa para garantir maior acesso a vacinas. “Ninguém ignora que existe no mundo hoje uma escassez de insumos médicos. Mas asseguro que os recursos da nossa diplomacia permanecerão mobilizados para atender às demandas das autoridades de saúde”, garantiu.

No âmbito da economia, o ministro afirmou que a agenda de modernização da economia é fundamental e que deve ser feita com “maior e melhor integração às cadeias globais de valor”. Segundo França, é importante o relacionamento cada vez mais estreito com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Não há modernização sem abertura ao mundo – e por essa razão a nossa política externa tem um sentido universalista, sempre guiado pela proteção de nossos legítimos interesses.”, disse.

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O chanceler elogiou a política ambiental brasileira, afirmando que a produção agropecuária “tem a marca da sustentabilidade” e que o Código Florestal é uma das legislações mais rigorosas do mundo.  “Não se trata de negar os desafios, que obviamente persistem. O fato é que o Brasil, em matéria de desenvolvimento sustentável, está na coluna das soluções.”, diz.

França também citou o papel que o Brasil terá em organismos internacionais, afirmando que o que orientará o país será os “valores e interesses nacionais”.

“O Brasil sempre foi ator relevante no amplo espaço do diálogo multilateral. Isso não significa, como é evidente, aderir a toda e qualquer tentativa de consenso que venha a emergir, nas Nações Unidas ou em outras instâncias,” afirmou o chanceler após dizer que o diálogo era essencial na resposta à urgência sanitária, econômica e ambiental. “O que nos orienta, antes de tudo, são nossos valores e interesses. Em nome desses valores e interesses, continuaremos a apostar no diálogo como método diplomático. Método que abre possibilidades de arranjos e convergências que sempre soubemos explorar em nosso favor. O consenso multilateral bem trabalhado também é expressão da soberania nacional.”

Carlos França assume o cargo no ministério após dois anos como chefe de cerimonial da Presidência da República. Foi promovido a embaixador em 2019, entretanto, nunca chefiou um posto no exterior desde que entrou na carreira diplomática em 1991. Ernesto Araújo também não tinha experiência chefiando embaixadas antes de ser escolhido como ministro.

França já atuou como ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil na Bolívia e trabalhou em representações diplomáticas nos Estados Unidos e no Paraguai.

A cerimônia de ontem também foi a posse dos ministros da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, da Justiça, Anderson Torres, da Defesa, Braga Netto, da Advocacia-Geral da União, André Mendonça e da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda.

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