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Após morte de manifestante no Líbano, prédio público é incendiado

Fogo toma o interior de um edifício da prefeitura de Trípoli, cidade portuária no norte do Líbano [Fathi al-Masri/AFP/Getty Images]
Fogo toma o interior de um edifício da prefeitura de Trípoli, cidade portuária no norte do Líbano [Fathi al-Masri/AFP/Getty Images]

Manifestantes no Líbano incendiaram um prédio do governo na noite de ontem (28), após um homem ser morto pelas forças de segurança.

Omar Taybah, de 30 anos, foi baleado nas costas com munição real, durante protestos na cidade portuária de Trípoli, norte do país, na noite de quarta-feira (27). Taybah faleceu na manhã seguinte, segundo informações da rede France24.

Oficiais de segurança alegaram que Taybah foi atingido por munição real disparada na tentativa de dispersar manifestantes que tentavam invadir um edifício público.

Centenas de pessoas marcharam por Trípoli para o velório de Taybah e então reuniram-se em protesto na principal praça da cidade. Logo antes da meia-noite, os manifestantes alcançaram um prédio da prefeitura, então incendiado.

Vídeos que circularam nas redes sociais registraram o edifício tomado por chamas, com fumaça negra saindo das janelas.

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Pedras e molotov foram atirados contra a polícia de choque, que reagiu com gás lacrimogêneo.

Manifestantes também reuniram-se em frente a residências de proeminentes políticos locais, incluindo o parlamentar Faisal Karami e o ex-premiê Najib Mikati, que afirmou à rede de notícias Al Jadeed carregar armas de proteção pessoal contra os protestos.

Manifestações voltaram a tomar as ruas do Líbano há cinco dias, após o lockdown nacional imposto pelo coronavírus agravar ainda mais a crise econômica no país.

Nos três primeiros lockdowns, o governo concedeu assistência financeira àqueles impossibilitados de trabalhar devido à pandemia. Contudo, até então, Beirute não anunciou qualquer plano para ajudar a população vulnerável atingida pela crise sanitária.

Sob as regras do recente lockdown, lojas e restaurantes foram fechados e mercearias foram restritas a serviço por entrega, frequentemente indisponível a áreas mais pobres.

Aya Majzoub, pesquisadora do Human Rights Watch, reivindicou um inquérito sobre a morte de Taybah. “O governo negligenciou as necessidades do povo de Trípoli e usou força bruta para silenciá-lo, quando ousou pedir por uma vida melhor”, declarou.

Apenas alguns dias antes do assassinato de Taybah, a Anistia Internacional denunciou a polícia libanesa por uso excessivo e ilegal da força contra manifestantes civis.

Em relatório, a Anistia revelou que armas fabricadas na França – incluindo gás lacrimogêneo, lançadores de granada, balas de borracha e veículos blindados – foram utilizadas para reprimir os protestos de massa que varreram o Líbano desde outubro de 2019.

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