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Anistia exige que França suspenda venda de armas ao Líbano

Presidente da França Emmanuel Macron conversa com jovem libanesa durante visita ao bairro de Gemmayzeh, bastante danificado pela enorme explosão no porto de Beirute, capital do Líbano, 6 de agosto de 2020 [AFP/Getty Images]
Presidente da França Emmanuel Macron conversa com jovem libanesa durante visita ao bairro de Gemmayzeh, bastante danificado pela enorme explosão no porto de Beirute, capital do Líbano, 6 de agosto de 2020 [AFP/Getty Images]

Uma nova investigação do grupo de direitos humanos Anistia Internacional vinculou a venda de armamentos franceses ao uso excessivo de força por policiais no Líbano, em particular, para reprimir manifestações populares contra o governo.

As informações são da agência Anadolu.

O relatório divulgado pela Anistia nesta quinta-feira (28) revelou que uma série de itens importados da França – gás lacrimogêneo, lançadores de granadas, balas de borracha e veículos blindados – foram utilizados por forças libanesas contra protestos entre 2015 e 2020.

As armas foram aplicadas em grande quantidade, sobretudo durante os protestos massivos que tomaram as ruas de diversas cidades e aldeias, entre outubro de 2019 e agosto de 2020, contra a ineficácia do governo para controlar a inflação, desemprego e corrupção.

O Presidente da França Emmanuel Macron visitou Beirute duas vezes nos últimos meses.

LEIA: Anistia condena uso de armas francesas contra manifestantes no Líbano

Primeiro, apenas dois dias após a enorme explosão de toneladas de nitrato de amônio armazenadas inadequadamente no porto da capital libanesa. A catástrofe deixou 190 mortos e mais de 6 mil feridos, além de centenas de milhares de desabrigados.

Em setembro, Macron retornou ao país para entregar pessoalmente a medalha de Legião de Honra, mais alta condecoração francesa concedida a civis, à célebre artista libanesa Fairouz.

O presidente francês também organizou uma conferência internacional para levantar recursos em apoio a Beirute e chegou a emitir um ultimato de seis semanas para que os políticos libaneses aprovem reformas ou enfrentem sanções.

A Anistia destacou que a França possui uma responsabilidade extraordinária em relação ao Líbano, diante das sucessivas ações e declarações de Macron.

“As autoridades libanesas detêm a responsabilidade primária pelas violações de direitos humanos cometidas por suas forças de segurança. A França, porém, é fornecedor majoritário destes equipamentos e contribuiu à violência ao enviar armas”, destacou o relatório.

A Anistia exortou Paris a alertar a polícia libanesa para que respeite os padrões internacionais do uso de força e reivindicou uma rigorosa análise de risco e suspensão das vendas de itens possivelmente utilizados para cometer ou facilitar abusos humanitários no exterior.

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