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Vacas na fronteira criam atrito entre pastores libaneses e soldados de Israel

Vaca ao lado de soldados franceses da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), perto da aldeia libanesa de Marun al-Ras, em 12 de fevereiro de 2007 [Joseph Barrak/AFP/Getty Images]
Vaca ao lado de soldados franceses da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), perto da aldeia libanesa de Marun al-Ras, em 12 de fevereiro de 2007 [Joseph Barrak/AFP/Getty Images]

Forças militares de Israel prometeram nesta terça-feira (26) devolver vacas que atravessaram a fronteira com o Líbano, após pastores libaneses acusarem o exército da ocupação de abduzir animais que pastam livremente perto da região de fronteira há décadas.

As informações são da agência Reuters.

Líbano e Israel estão oficialmente em estado de guerra e disputam fronteiras por mar e terra.

Os pastores da aldeia de Wazzani denunciam que patrulhas israelenses invadiram a zona neutra, estabelecida entre as cercas que separam os países, no domingo (24), e então atravessaram a chamada Linha Azul, que constitui a fronteira designada pela ONU.

Os soldados então capturaram sete vacas.

“Por mais de vinte anos, as vacas estão aqui, desde o tempo de nossos avós, e essa é a primeira vez que alguém as leva embora”, declarou o residente local Kamal al-Ahmad, que perdeu três animais de seu rebanho.

O gabinete de imprensa do exército israelense negou o roubo de gado. Segundo o porta-voz militar, algumas vacas atravessaram a Linha Azul a partir do território libanês durante supostas atividades das Forças de Defesa de Israel (FDI), quando o portão foi fechado.

LEIA: Líbano apresenta queixa oficial à ONU contra violações de Israel

“As vacas que estão em território israelense serão devolvidas conforme os termos estabelecidos pelas autoridades relevantes”, declarou o exército israelense, em nota.

Uma vaca vale em torno de US$2.000 e a perda do animal é um duro golpe a fazendeiros que tentam sobreviver à grave crise econômica do Líbano. “Deus ajude essas pessoas, é o seu sustento”, afirmou Ahmad al-Mohammed, chefe da prefeitura de Wazzani.

A área às margens de um rio onde pastam as vacas da aldeia de Wazzani fica a apenas 200 metros da fronteira fortificada de Israel.

Líbano e Israel continuam sob impasse devido às obras israelenses para instalar um muro na  região de fronteira, iniciadas em 2018, além das disputas por território marítimo nos limites de três blocos energéticos na costa libanesa.

“Estamos cientes do suposto incidente e contatamos as partes sobre o caso”, alegou Andrea Tenenti, porta-voz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que monitora a região desde 2000, quando Israel retirou-se do sul do país árabe, após 22 anos de ocupação.

Em Mais al-Jabal, outra aldeia de fronteira, o adolescente Hussein Chartouni denunciou em dezembro último que uma de suas galinhas foi capturada e nunca devolvida, após atravessar a cerca de arame farpado que separa os países.

“Quero minha galinha”, insistiu o jovem à Reuters. A frase tornou-se hashtag no Twitter.

 

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