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Turquia recusa-se a deportar jornalista iraniano

Jornalista iraniano Mohammad Mosaed, em 20 de janeiro de 2021 [Mohammad Mosaed/Twitter]
Jornalista iraniano Mohammad Mosaed, em 20 de janeiro de 2021 [Mohammad Mosaed/Twitter]

A Turquia não deportará o jornalista iraniano Mohammad Mosaed a seu país natal, confirmaram fontes de segurança à imprensa. Ao contrário, Mosaed poderá permanecer no país enquanto seu pedido de asilo é processado.

Segundo comunicado emitido na segunda-feira (18) pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), organização com sede em Washington, Mosaed foi preso por autoridades turcas ao entrar ilegalmente no país.

Em agosto, Teerã condenou o jornalista a quatro anos de prisão sob acusações de “conspirar contra a segurança nacional” e “disseminar propaganda contra o sistema”. Sua pena começaria dois dias após o veredito.

Contudo, Mosaed fugiu do Irã e chegou à cidade de Van, na Turquia, onde alertou autoridades locais de sua presença, quando telefonou a serviços de emergência para salvá-lo do frio.

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O condecorado jornalista foi detido pela polícia e entrou em contato com o CPJ, para requisitar proteção internacional, deferida pelas autoridades turcas.

“Acreditamos que Mohammad Mosaed possui um medo bastante fundamentado de perseguição, caso retorne ao Irã”, declarou Sherif Mansour, coordenador do CPJ para o Norte da África e Oriente Médio.

Mansour exortou Ancara a respeitar suas obrigações sob a lei internacional, ao recusar os pedidos de deportação de Mosaed, considerar seus apelos por asilo político e garantir seus direitos através do devido processo legal.

Segundo as fontes de segurança, a Turquia não consentiu com a deportação de Mosaed. “Existe pena capital no Irã e ele é um repórter, não um gângster”, declarou um oficial turco à rede britânica Middle East Eye.

Nos últimos anos, diversos dissidentes e ativistas iranianos buscaram refúgio na Turquia sob receios de perseguição política.

O governo turco costuma recusar a deportação nos casos de asilo político. A ativista iraniana Maryam Shariatmadari, por exemplo, pôde permanecer no país após seus documentos de residência expirarem no último ano.

Há ainda relatos na Turquia de assassinatos e sequestros de dissidentes iranianos por agentes de Teerã. Em novembro de 2019, o ex-oficial de inteligência Masoud Maulavi Vardanjani foi morto em Istambul, em crime aparentemente incitado por diplomatas iranianos no país.

Um ano depois, Habib Chaab, ativista da comunidade ahwazi, foi abduzido também em Istambul, por agentes iranianos que o transportaram clandestinamente através da fronteira ao Irã, onde é mantido preso, desde então.

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