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Empresa libanesa é criticada por criar uma bolsa com destroços da explosão em Beirute

A bolsa ‘Silo’, feita de destroços de vidro da enorme explosão no porto de Beirute, criada pela marca Vanina, em 7 de setembro de 2020 [Seamus Malek/Twitter]
A bolsa ‘Silo’, feita de destroços de vidro da enorme explosão no porto de Beirute, criada pela marca Vanina, em 7 de setembro de 2020 [Seamus Malek/Twitter]

Uma empresa de luxo do Líbano foi forçada a remover uma coleção de seu website após ser considerada de péssimo gosto.

A marca Vanina promoveu a venda de sua bolsa “Silo”, feita de destroços de vidro da enorme explosão no porto de Beirute, que devastou a capital libanesa, em 4 de agosto. A peça é parte da coleção intitulada “Luz de Beirute” e pretendia servir como homenagem à cidade.

Beirute foi devastada pela explosão, com mais de 200 mortos e milhares de feridos.

A explosão ocorreu após quase 3.000 toneladas de nitrato de amônio entrarem em combustão, armazenados indevidamente no região do porto, destruindo janelas por toda a capital.

A bolsa é adornada com uma lateral em dourado e composta por pequenos cristais de vidro branco coletados dos destroços da catástrofe. A superfície apresenta um padrão de ranhuras em referência ao silo de grãos destruído pela explosão.

“Feita a mão com vidros estilhaçados pela explosão de 4 de agosto, esta bolsa reluzente impõe-se em cena como o icônico silo no porto de Beirute”, lê-se na descrição do produto apresentada no site da marca.

LEIA: Líder cristão libanês diz que caso da explosão em Beirute pode chegar à Haya

A Vanina estabeleceu o valor de venda para a bolsa em US$550, com 25% das vendas destinadas à Iniciativa Patrimônio de Beirute, grupo que tenta restaurar e preservar os marcos históricos e arquitetônicos da cidade devastada.

A coleção também inclui bolsas feitas de outros destroços da explosão, com preços entre US$480 e US$600. O Líbano enfrenta sua pior crise econômica desde a guerra civil, com taxas de pobreza aumentando exponencialmente.

As bolsas causaram indignação online por tentar lucrar com a explosão traumática.

Um usuário declarou no Twitter: “Então agora vestimos o sangue e o trauma do povo? O quão insensível é preciso ser para tentar lucrar com isso? Revoltante e deplorável!”

Enorme explosão abala Beirute, no Líbano [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Enorme explosão abala Beirute, no Líbano [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

A empresa libanesa posteriormente removeu a coleção de seu website e desculpou-se pelo suposto erro de juízo.

Em nota divulgada no Instagram, declarou: “Nossa intenção era transmitir uma mensagem de esperança … sabemos que alguns de vocês sentiram-se magoados e pedimos desculpas se nossa mensagem foi mal interpretada. Decidimos retirar a coleção. Desejamos a todos amor e força.”

Em outubro, uma série dramática intitulada 6:07 Beirut, em referência ao horário exato da explosão, causou polêmica similar por falta de sensibilidade.

O Líbano ainda tenta recuperar-se da explosão e, até então, ninguém foi responsabilizado.

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