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Ativistas exigem que Macron aborde abusos de direitos humanos, durante visita de Sisi

Presidente da França Emmanuel Macron e Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi em Paris, França, 24 de outubro de 2018 [Chesnot/Getty Images]
Presidente da França Emmanuel Macron e Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi em Paris, França, 24 de outubro de 2018 [Chesnot/Getty Images]

O Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi será recebido na França nesta segunda-feira (7), com uma cerimônia militar de boas vindas, a fim de consolidar os laços entre os países.

Entretanto, a visita do general é fonte de duras críticas feitas por ativistas de direitos humanos.

Conforme Sisi fortificava seu domínio sobre o Egito, após o golpe militar, Paris e Cairo tornaram-se próximos, tanto em âmbito econômico quanto militar, apesar dos graves abusos, vastamente documentos, de direitos humanos cometidos pelo regime egípcio.

Em junho, o Human Rights Watch (HRW) condenou a venda de armas francesas ao Egito como “chocante” e “assombrosa”, dado o contexto de abusos do regime de Sisi.

Em 2019, a França venceu US$1.1 bilhão em armas ao Egito, apesar das obrigações internacionais proscreverem a venda de equipamentos militares a regiões consideradas de alto risco para violações graves.

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Entre 2013 e 2017, a França tornou-se o principal fornecedor de armas ao regime militar do Cairo. Somente em 2017, a venda de armamentos e equipamentos de segurança franceses ao Egito foi estimada em US$1.6 bilhão.

O HRW documentou crimes de guerra executados pelo Exército do Egito na região do Sinai do Norte, onde o governo conduz uma campanha desproporcional e sem êxito contra filiados locais do grupo terrorista Daesh (Estado Islâmico), ao atingir de fato a população civil.

Entidades humanitárias acusam Macron de lavar as mãos em relação aos crimes de Sisi, mas oficiais franceses alegam obter alguma eficiência ao criticá-lo em privado.

Em novembro, Macron causou indignação entre árabes e muçulmanos ao defender caricaturas do Profeta Muhammad consideradas ofensivas. Sisi juntou-se ao clamor dos indignados, mas o relacionamento foi reatado rapidamente.

França e Egito concordam sobre a questão líbia, a fim de reagir à influência da Turquia no Oriente Médio e Norte da África.

Grupos de direitos humanos exortaram o presidente francês a trazer à tona a questão humanitária de Sisi, particularmente após a prisão de três membros da Iniciativa de Direitos Pessoais do Egito (EIPR) que reuniram-se com diplomatas ocidentais.

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Os prisioneiros foram libertados na última quinta-feira (3), diante dos apelos internacionais. No entanto, ao todo 60.000 presos políticos permanecem em detenção no Egito.

Dentre os detidos está Ramy Shaath, coordenador local do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), campanha da sociedade civil em defesa dos direitos do povo palestino.

A esposa de Shaath, Celine Lebrun Shaath, cidadã francesa, escreveu no Twitter: “Sr. Emmanuel Macron, meu marido, o defensor de direitos humanos Ramy Shaath permanece detido arbitrariamente no Egito por 518 dias. O senhor está recebendo Sisi, que possui o poder para libertá-lo. Por favor, peço que o convença a libertar meu marido e reunir nossa família”.

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