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Israel aproxima-se de uma nova eleição devido às divergências de Gantz e Netanyahu

Legisladores israelenses apoiaram uma proposta para dissolver o parlamento diante dos presentes protestos em escala nacional

Israel aproximou-se ainda mais, nesta quarta-feira (2), de sua quarta eleição dentro de dois anos, após Benny Gantz — principal parceiro da coalizão de governo, liderada pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu — apoiar um movimento da oposição para dissolver o parlamento.

As informações são da agência Reuters.

O Knesset — parlamento israelense — concedeu aprovação preliminar ao projeto de lei de dissolução do atual mandato, mas a legislação precisa passar por outras três votações, ainda não marcadas, para então ser efetivada.

A tramitação de fato dá tempo a Netanyahu e seu premiê alternativo e Ministro da Defesa Benny Gantz para debater suas diferenças sobre o orçamento nacional.

A crise da coalizão leva Israel a maiores incertezas políticas, enquanto prepara-se para lidar com a nova gestão dos Estados Unidos do presidente eleito Joe Biden, além da pandemia de coronavírus e decorrente crise econômica.

Israel ainda aguarda atentamente os próximos movimentos do Irã, após o assassinato de seu principal cientista nuclear, na última semana. Teerã acusa os serviços de inteligência israelenses pela execução.

Dado que o último trecho do projeto de lei ainda é incerto, a disputa orçamentária pode sozinha levar o país a uma nova rodada eleitoral. Segundo a lei israelense, caso o orçamento não seja aprovado até 23 de dezembro, Israel terá de voltar às urnas em março.

“Benny Gantz tem de puxar o freio de emergência”, declarou Netanyahu, que votou contra a proposta, em discurso televisionado após a sessão parlamentar.

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Comentaristas políticos de Israel, no entanto, expressaram ceticismo sobre os supostos esforços de Netanyahu para salvar o chamado governo de união, dado que o iminente arranjo de “rotação” acordado com Gantz removeria do poder o mais longevo premiê israelense, em novembro de 2021.

Mesmo em maio último, quando o pacto de coalizão de governo foi apresentado, poucos analistas em Israel acreditavam que Netanyahu, julgado por corrupção e crimes de responsabilidade, desistiria do posto máximo do governo sionista.

Netanyahu evidentemente nega as acusações.

Após seu discurso, questionado se a “rotação” ainda estava na mesa, Netanyahu alegou que Gantz busca impor políticas partidárias a fim de violar os termos do acordo de coalizão.

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Gantz, por outro lado, argumentou que uma eleição pode ser evitada caso Netanyahu cumpra os apelos da coalizão para instituir um orçamento capaz de cobrir os anos fiscais de 2020 e 2021. Além disso, acusou seu aliado no governo e rival eleitoral de “estratagema”.

Caso o orçamento de 2021 precise ser aprovado separadamente, Netanyahu efetivamente ganhará uma ferramenta para obstruir a “rotação”, pois o fracasso em ratificar este pacote fiscal até março também levaria a novas eleições.

Comentaristas políticos das três principais emissoras israelenses descreveram o pronunciamento de Netanyahu — no qual o premiê celebrou ainda supostas conquistas sanitárias e diplomáticas de sua gestão — como declaração eleitoral que prenuncia campanha.

Timing

O timing estratégico para eleições antecipadas pode ser crucial, à medida que Netanyahu mobiliza mais outra luta por sua sobrevivência política, após não conseguir vencer com margem razoável os três pleitos anteriores: em abril e setembro de 2019 e março de 2020.

Nas três ocasiões, Gantz representou seu principal adversário.

Netanyahu mantém o cargo de premiê israelense desde 2009, após servir um primeiro mandato entre 1996 e 1999. Agora, enfrenta protestos nas ruas contra suas acusações de corrupção, performance econômica e gestão da pandemia de covid-19.

Entretanto, pesquisas de opinião recentes previram grande comparecimento eleitoral de partidos de direita, extrema-direita e religiosos, capazes de mobilizar votos a Netanyahu ou outro candidato ultraconservador, como o ex-Ministro da Defesa Naftali Bennett.

Gantz enfrenta seus próprios riscos políticos: após alienar apoiadores, descumprir promessas eleitorais e aliar-se a Netanyahu, sua popularidade está em queda livre.

“Netanyahu prefere maio-junho [como data das eleições], dada a vacina contra o coronavírus e com algum espaço de respiro aos negócios”, escreveu Moran Azulay, repórter político da rede YNet News. “Gantz quer eleições rápidas para impedir que Netanyahu se organize”.

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