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Congressistas muçulmanas Omar e Tlaib são reeleitas nos Estados Unidos

Ilhan Omar, congressista dos Estados Unidos por Minnesota, discursa em Washington, 10 de janeiro de 2019 [Safvan Allahverdi/Agência Anadolu]
Ilhan Omar, congressista dos Estados Unidos por Minnesota, discursa em Washington, 10 de janeiro de 2019 [Safvan Allahverdi/Agência Anadolu]

Ilhan Omar e Rashida Tlaib, congressistas muçulmanas americanas, foram reeleitas para seus assentos na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, nas disputas de ontem (3), ambas com mais de 64% dos votos em seus respectivos distritos, em Minnesota e Michigan.

Em 2018, Omar e Tlaib tornaram-se as primeiras mulheres muçulmanas eleitas ao Congresso dos Estados Unidos.

Ambas enfrentaram um único oponente em suas respectivas disputas para as primárias legislativas, em agosto deste ano, e reproduziram o sucesso de 2018, quando disputaram a indicação com diversos candidatos.

As eleições de ontem foram consideradas, portanto, como formalidade a Omar e Tlaib, pois ambas representam locais de forte apoio ao Partido Democrata.

Contudo, doadores republicanos inundaram a campanha com enormes somas a favor dos adversários eleitorais de ambas as legisladoras. O rival de Omar, Lacy Johnson, recebeu ao menos US$10 milhões; o oponente de Tlaib, David Dudenhoefer, angariou US$1 milhão.

Tlaib classificou a soma, considerada vasta para corridas eleitorais relativamente pouco competitivas, como “queima de dinheiro racista”, em entrevista ao jornal local Metro Times, na cidade de Detroit, na última semana.

Omar e Tlaib enfrentaram ambas ataques frequentes do candidato republicano e atual presidente Donald Trump e de sua gestão, consideradas incitação islamofóbica, em resposta ao repúdio das congressistas às violações da ocupação israelense na Palestina.

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Em agosto de 2019, as legisladoras americanas foram proibidas de entrar em Israel, supostamente a pedido de Trump, onde pretendiam realizar uma visita coordenada em Jerusalém e Cisjordânia ocupada.

Na ocasião, Omar e Tlaib criticaram veementemente a decisão israelense e exortaram colegas congressistas que visitassem os territórios palestinos ocupados para testemunhar a “cruel realidade da ocupação”, visto sua proibição arbitrária.

Observadores alegaram que a dupla teve a entrada negada por seu apoio ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), iniciativa global palestina para contestar pacificamente a ocupação militar de Israel.

Em julho de 2019, Omar e Tlaib foram submetidas a uma onda de tuítes racistas de Trump. Reiteradamente, o presidente incitou o “retorno” das parlamentares a seus países “falidos”, embora ambas sejam detentoras de plena cidadania americana.

Rashida Tlaib nasceu nos Estados Unidos. Ilhan Omar tornou-se cidadã após mudar-se para o país em 1995, como refugiada da guerra na Somália.

Omar e Tlaib também enfrentaram oposição do próprio Partido Democrata, devido às suas posições contundentes sobre a questão palestina. Tlaib, porém, reiterou sua defesa aos direitos humanos do povo palestino, apesar de obstáculos impostos por seus próprios colegas, reportou a rede Middle East Eye.

Em homenagem à sua origem palestina, Tlaib compareceu em vestes tradicionais à sua cerimônia de posse como congressista.

Kamala Harris, senadora e candidata à vice-presidência na chapa de Joe Biden, alegou que sua eventual gestão, caso eleita, buscará reverter diversas políticas de Trump sobre a Palestina e o Oriente Médio.

Em entrevista à rede Arab American News, no fim de semana, Harris prometeu reverter a decisão de Trump de retirar recursos de organizações assistenciais na Palestina, além de reabrir o Consulado dos Estados Unidos em Jerusalém Oriental e a missão da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington.

Os resultados da eleição presidencial nos Estados Unidos estão previstos para confirmação ao longo da semana.

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