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Possíveis crimes de guerra no Iêmen foram alimentados por armas do Ocidente e Irã

Manifestante britânico denuncia Arábia Saudita, Estados Unidos e Reino Unido por crimes cometidos no Iêmen [Alisdare Hickson/Flickr]
Manifestante britânico denuncia Arábia Saudita, Estados Unidos e Reino Unido por crimes cometidos no Iêmen [Alisdare Hickson/Flickr]

rmas fornecidas por potências ocidentais e Irã, aos lados em confronto no Iêmen, alimentam a continuidade dos seis anos de conflito, marcado por ataques aéreos sauditas e bombardeios houthis, reportaram investigadores da ONU, nesta quarta-feira (9).

As informações são da agência Reuters.

Ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita, executados em 2019, podem ser compreendidos como crimes de guerra. Paralelamente, o grupo rebelde houthi, alinhado ao Irã, realizou também assassinatos e outros abusos que recaem na mesma categoria.

Trata-se do terceiro ano consecutivo no qual o painel independente de especialistas revela violações graves da lei internacional por todas as partes em confronto. As descobertas deste ano cobrem incidentes de junho de 2019 a junho de 2020.

“Após anos de documentação sobre o preço terrível desta guerra, ninguém mais pode dizer que não sabe o que acontece no Iêmen”, declarou Kamel Jendoubi, presidente do grupo de especialistas das Nações Unidas.

Melissa Parke, membro do painel, afirmou a repórteres: “A responsabilidade por tais violações repousa sobre todos os lados do conflito, isto é, o governo do Iêmen, as autoridades de fato (houthis), o Conselho de Transição do Sul e membros da coalizão, em particular, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos”.

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Grã Bretanha, França, Irã e Estados Unidos mantiveram seu apoio às partes em guerra, “incluindo via transferência de armas, portanto, auxiliando na perpetuação do conflito”, denunciou o painel da ONU.

Prosseguiu: “Reiteramos nosso apelo aos países para que interrompam o envio de armas às partes [no Iêmen]”.

‘Ataques desproporcionais’

O painel de especialistas exortou ainda o Conselho de Segurança da ONU a referir a situação no Iêmen ao Tribunal Penal Internacional (TPI), para implicar em possíveis indiciamentos e sanções por crimes de guerra.

A coalizão liderada pelos sauditas decidiu intervir no Iêmen em março de 2015, após os rebeldes houthis expulsarem o governo reconhecido internacionalmente da capital Sanaa, no ano anterior.

Embora exilado, o presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi manteve apoio saudita.

O conflito no Iêmen é considerado uma guerra por procuração entre Arábia Saudita (monarquia islâmica sunita) e seu adversário regional Irã (república islâmica xiita).

Mais de 100.000 pessoas morreram e milhões estão à margem da fome, devido à violência, reportam agências humanitárias internacionais.

“Durante o período registrado, o grupo verificou ao menos quatro ataques aéreos ou uma série de ataques aéreos que deixaram de assumir as medidas necessárias para proteger civis e objetos civis”, reportou ainda o painel da ONU.

“Ataques desproporcionais constituem crimes de guerra segundo a lei internacional”, concluiu o relatório.

Em abril, morteiros disparados pelos houthis atingiram uma prisão no fronte da cidade iemenita de Taiz, resultando na morte de seis mulheres e duas meninas, em atos também considerados crimes de guerra pela lei internacional.

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