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Refugiado do Sudão afoga-se ao atravessar canal da França ao Reino Unido

Gendarmes franceses patrulham uma praia perto de Calais, 4 de abril de 2019 [Denis Charlet/AFP/Getty Images]
Gendarmes franceses patrulham uma praia perto de Calais, 4 de abril de 2019 [Denis Charlet/AFP/Getty Images]

O corpo de um refugiado sudanês de 16 anos foi levado pelo mar a uma praia perto de Calais, norte da França, após afogar-se durante tentativa de chegar à costa britânica.

Autoridades francesas recuperaram o corpo, que caiu de um bote junto de um amigo e afogou-se em busca de costa segura. O companheiro foi encontrado em estado de choque perto do corpo do jovem.

O companheiro, também menor de idade, foi levado a um hospital local; contudo, sem ferimentos.

Segundo relatos, os dois rapazes tentavam chegar ao Reino Unido em um pequeno bote, utilizando pás como remos, quando enfrentaram dificuldades.

O governo da França confirmou que o menino foi levado pelo mar à comuna de Sangatte e que seu corpo foi recuperado na manhã de hoje (19).

O Sudão enfrenta um turbilhão político, após protestos populares conseguirem depor o ditador Omar al-Bashir, que governou o país por 30 anos. Bashir, contudo, foi substituído por um governo de transição predominantemente militar; os protestos, portanto, continuaram.

A Secretária do Interior do Reino Unido Priti Patel, que previamente deixou clara sua animosidade contra refugiados que tentam chegar da França ao Reino Unido, via Canal da Mancha, rapidamente acusou gangues de tráfico humano pela morte do menino.

Declarou: “Este incidente horrível serve como lembrança brutal dos crimes hediondos cometidos por gangues de tráfico humano que exploram pessoas vulneráveis. Trabalhando juntos, estamos determinados a contê-los.”

Parlamentares do partido Conservador, colegas de Patel e do Primeiro-Ministro Boris Johnson, referem-se às travessias como “crise” e “invasão”.

LEIA: Grécia secretamente expulsa mais de mil refugiados, ao abandoná-los no mar

A ministra britânica prometeu impedir os refugiados de chegar ao Reino Unido, ao indicar um “comandante de ameaças clandestinas no Canal” para tratar da questão. O canal abrange o maior fluxo de pequenos barcos em todo o mundo.

Pesquisa recente, conduzida pela rede YouGov, revelou que quase metade dos britânicos não possui simpatia pelos refugiados que atravessam o Canal da Mancha, em busca de asilo e salvo-conduto.

Da amostragem de 3.163 britânicos adultos, 27% afirmaram não ter “nenhuma simpatia” pelos requerentes de asilo e 22% descreveram o sentimento como “não muita simpatia”. Apenas 19% dos britânicos alegaram ter “grande simpatia” pelos refugiados.

Nigel Farage, ex-membro do Parlamento Europeu e liderança no movimento de Brexit, incitou o debate sobre a questão quando utilizou um barco de pesca para constatar uma “invasão” de refugiados, no Canal da Mancha, supostamente facilitada pela Marinha da França.

A controvérsia resultou em grande repressão contra os refugiados em toda a Europa. A União Europeia decidiu então investir em sua agência de fronteira (Frontex), que interrompeu as patrulhas de resgate para substituí-las por drones israelenses.

Na Itália, a repressão contra o fluxo migratório levou à criminalização do ato de resgatar botes de refugiados, mesmo diante de iminente risco de afogamento, sob ameaça de pesadas multas de até €1 milhão (US$1.12 milhão).

A Europa paga à Turquia bilhões de dólares por ano para tentar impedir os refugiados de realizar a travessia. Também possui um acordo com a guarda costeira da Líbia para devolvê-los ao país norte-africano, embora assolado por brutal guerra civil.

Relatos recentes demonstraram o risco dos refugiados devolvidos serem vendidos a redes de escravidão.

Um relatório do jornal americano New York Times demonstrou que a Grécia expulsou ilegal e secretamente 1.072 refugiados de sua costa, nos meses recentes, ao abandoná-los em alto mar, para além das águas territoriais gregas. O governo da Grécia nega as acusações.

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