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Quase um milhão de pessoas ‘lutam para sobreviver’ na capital do Líbano, afirma Save the Children

Criança libanesa ao lado de uma geladeira vazia em Beirute, capital do Líbano, diante da severa crise econômica do país e os altos índices de pobreza e miséria, em 17 de junho de 2020 [Ibrahim Chalhoub/AFP/Getty Images]
Criança libanesa ao lado de uma geladeira vazia em Beirute, capital do Líbano, diante da severa crise econômica do país e os altos índices de pobreza e miséria, em 17 de junho de 2020 [Ibrahim Chalhoub/AFP/Getty Images]

A crise econômica do Líbano, agravada pela pandemia de coronavírus, levou quase um milhão de pessoas – dentre as quais, 500.000 crianças –, na capital Beirute, a “lutar para sobreviver”, revelou um relatório da organização internacional Save the Children publicado ontem (28).

Muitos libaneses, palestinos e sírios que vivem no Líbano não podem mais arcar com os preços de bens essenciais, incluindo alimentos, gás de cozinha e água, como resultado das múltiplas crises que assolam o país.

Mais de 50% dos entrevistados – libaneses, palestinos e sírios – afirmaram ter deixado de se alimentar por um dia inteiro diante da atual conjuntura. Uma entre cinco famílias libanesas pularam ao menos uma refeição durante a pandemia, segundo a pesquisa.

Jad Sakr, diretor da Save the Children no Líbano, declarou:

Crianças, mesmo aquelas de famílias libanesas de classe média, estão comendo cada vez menos ou absolutamente nada, por um dia inteiro, apenas para arcar com as contas.

A organização, porém, reitera que tais estimativas podem representar somente uma pequena parte do problema, pois famílias em todo o Líbano, não apenas em Beirute, lutam para lidar com os efeitos da crise econômica e da pandemia.

“Esta crise atingiu a todos – famílias libanesas, refugiados palestinos e sírios – do mesmo modo”, destacou Sakr. “Começaremos a ver crianças morrendo de fome antes do fim do ano.”

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Diante de um estudo de caso, a organização alertou que as crianças podem ser coagidas ao trabalho infantil para ajudar suas famílias, após seus pais perderem os empregos, conforme foi imposto o lockdown devido à pandemia.

Minha filha de nove anos [Sarah] nos pergunta se pode começar a trabalhar – isto é, vender panos na estrada. Não consegui lidar com isso e desabei em lágrimas. Minha filha quer trabalhar para carregar um pouco do fardo que está sobre nós. Quer nos ajudar, para que seus irmãos não morram de fome.

As famílias foram atingidas não apenas pelo desemprego, mas também pelo colapso da moeda libanesa e consequente inflação e aumento nos preços de bens essenciais. Mesmo famílias que preservaram sua renda, não estão conseguindo arcar com suas necessidades.

Sarah, de nove anos, relatou à Save the Children: “Minha irmã chora o tempo todo porque quer leite e não podemos comprar porque custa dez mil liras [moeda libanesa, equivalente a US$6.63]”.

A organização humanitária ainda exortou o governo libanês a aprovar reformas de curto e longo prazo, incluindo a implementação de uma rede de segurança social e previdenciária, com o objetivo de proteger a população mais vulnerável de futuros choques econômicos.

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