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Crise de fome e surto de coronavírus na Síria se intensificam, alerta ONU

Diante do coronavírus, membros da Defesa Civil Síria (Capacetes Brancos) desinfectam construções provisórias e tendas onde famílias vivem aglomeradas, em Idlib, Síria, 24 de março de 2020 [Muhammed Said/Agência Anadolu]
Diante do coronavírus, membros da Defesa Civil Síria (Capacetes Brancos) desinfectam construções provisórias e tendas onde famílias vivem aglomeradas, em Idlib, Síria, 24 de março de 2020 [Muhammed Said/Agência Anadolu]

A Síria enfrenta uma crise de fome sem precedentes: 9.3 milhões de pessoas não possuem acesso a alimentação adequada. Enquanto isso, a propagação do novo coronavírus no país, embora supostamente controlada, pode acelerar. Segundo a Reuters, o alerta foi dado por agência da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta sexta-feira (26).

O Programa Alimentar Mundial (PAM) comunicou em Genebra que o número de pessoas em grave carência de bens alimentares essenciais cresceu em 1.4 milhões nos últimos seis meses.

Preços de alimentos também aumentaram em mais de 200%, em menos de um ano, devido à queda livre da economia do Líbano, país vizinho, e às medidas de lockdown impostas na Síria, reportou Elisabeth Byrs, porta-voz do PAM.

Após nove anos de conflito armado, mais de 90% da população síria vive abaixo da linha da pobreza – isto é, US$ 2 por dia. Necessidades humanitárias logo tornam-se mais urgentes, reiterou Akjemal Magtymova, representante do PAM na Síria, em comunicado separado.

LEIA: Enviado da ONU alerta que a fome ameaça a Síria

Menos da metade dos hospitais públicos na Síria estão funcionais e metade da mão de obra qualificada do setor de saúde fugiu do país desde o início do conflito, destacou a oficial; aqueles que permanecem enfrentam “ameaça iminente de sequestro e assassinato”.

Autoridades reportaram apenas 248 casos de coronavírus e 9 mortes, nas áreas controladas pelo governo sírio. Cinco casos e uma morte foram registrados pela administração curda no norte da Síria, segundo a OMS.

“Os números oficiais provavelmente subestimam os verdadeiros índices e isso não é particular à Síria, de modo algum”, declarou Richard Brennan, diretor regional de emergência da OMS. Após avanço lento, o surto de covid-19 no Iraque, Egito e Turquia acelerou; o mesmo se espera na Síria, prosseguiu.

“O que de fato sabemos da Síria é que não há um surto explosivo, por ora é possível encobrí-lo; mas não é possível ignorar um surto explosivo. As instalações de saúde não estão lotadas, então é por isso que ainda temos a oportunidade de avançar em nossa prontidão para conter e atenuar o pior da doença”, destacou Brennan.

Nenhuma infecção foi registrada no noroeste do país, controlado pela oposição síria, segundo Brennan. Porém, a região densamente povoada possui apenas um laboratório funcional e o risco de propagação do novo coronavírus é exponencialmente alto, reiterou.

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